domingo, 9 de agosto de 2015

Cinque Terre: no máximo quatro

Ou três. Pensando bem, duas já bastam. Cinque Terre são 5 daquelas cidadezinhas europeias típicas com casinhas penduradas no morro e jeitão de favela gourmet. Ficam na Ligúria, Itália.


Para conhecer essa atração um tanto supervalorizada, ao nosso ver, é legal se hospedar em La Spezia, supostamente um pouco menos cara do que nas cinque e de fácil locomoção para elas, de trem ou de barco. Chegamos na estação La Spezia Centrale de trem, saindo da estação Santa Maria Novella, de Firenze. Uma viagem de pouco mais de duas horas. 


La Spezia
La Spezia é agradável, tem uma orla bonitinha, mas não há nada pra fazer ou ver, além de uma praça enorme com um monumento a Garibaldi e um castelinho-museu encarapitado em um morro. E restaurantes, bares, lojas, essas coisas.

Escolhemos nos hospedar no Altamarea, que não é um hotel, mas um conjunto de pequenas suítes que o proprietário aluga. Confortável, limpo e bem decorado, mas não tem recepção. O café da manhã é num bar próximo, bem minimalista, ou no próprio quarto, onde eles deixam umas coisinhas pra gente merendar e uma chaleira elétrica. Recomendamos.

Dá pra pegar o trem para as Cinque Terre comprando os bilhetes separadamente ou um cartão turístico válido para o dia todo e todas as viagens. Nós não compramos esse porque não havia nenhuma informação na porta do ponto de venda - não é no guichê da estação, é num lugar chamado ponto turístico ou algo assim - nem em qualquer outro lugar (sorria, você está Itália).

As Cinque Terre são: Riomaggiore, Manarola, Coniglia, Vernazza e Monterosso, pela ordem a partir de La Spezia. As mais bonitas são Manarola, Vernazza e Monterosso. Todas são muito fotogênicas, exceto Coniglia que não é a beira-mar e realmente deve ser pulada, prestem atenção nisso. O moço do hotel nos avisou, não demos bola e o resultado foi que subimos uma escadaria gigantesca para encontrar lá no alto apenas umas casinhas totalmente insípidas que não valem nem uma foto.

Manarola

 De Manarola para Riomaggiore dá pra ir à pé, é bem pertinho e não vale a pena pegar o trem. Entre Vernazza e Monterosso, a rigor também dá, fazendo uma trilha que passa por um parque nacional. Não recomendamos, exceto aos fanáticos por caminhadas. A trilha é longa (cerca de duas horas), tem muita subida até alcançar 180 metros de altitude, muita descida depois e nada mais além de poeira e pedras. Nada de cachoeiras nem riozinhos refrescantes no meio do caminho. Vistas bonitas são três, duas no início e uma no meio, mas não compensam o esforço. Somos acostumados a caminhar e temos boas canelas, mesmo assim foi sofrido. O ingresso para o parque custa 7,50 euros, que você paga apenas para sofrer, já que o parque não oferece nenhuma infraestrutura, nem banheiros, nem pontos de venda de água, nem corrimões ou placas explicativas. Está incluído no cartão turístico. O melhor a fazer é subir apenas até o início da trilha nas duas cidades para ver a paisagem e fazer umas fotos.

Vernazza (vista da trilha)

O trem é um capítulo à parte. As viagens são curtinhas, mas no verão é muito cheio, como em São Paulo nas horas de pico. Você corre o risco de viajar em pé, espremido com um monte de gente tão suada e fedida quanto você vai estar, principalmente se resolver fazer a tal trilha-pesadelo. Além disso, como é a Itália (sorria), os trens sempre atrasam, exceto quando a gente também chega tarde, e costumam ser cancelados, principalmente quando mais precisamos deles.

Sugerimos o seguinte roteiro: de La Spezia direto até Monterosso, trem de novo até Vernazza e depois até Manarola (pulando Corniglia), à pé até Riomaggiore, trem para retornar a La Spezzia.

Riomaggiore

A praia mais próxima do que entendemos por "praia" é a de Monterosso, que tem areia. Mas "areia", no caso, é uma substância escura e cheia de pedras, tomada por cadeiras de aluguel. Não há espaço para brasileiro estender seu pedaço de pano no chão e ficar deitadão ao sol. O melhor trecho da praia é privado, e paga-se 10 euros para entrar, com direto a uma cadeira e um guarda-sol. As demais são "praias" de rochas, com escadinhas para descer até o mar. Esse tipo de praia europeia tem sua graça, quando a gente se acostuma, porque água costuma ser límpida e convidativa, mas em Cinque Terre não é tanto assim. Água turva, pedras lodosas e muita, muita gente.

Monterosso

Praia em Vernazza (não digam que não avisamos)

No mais, bares, restaurantes, lojinhas, sorveterias e, para quem gosta, aquelas vielas tão europeias, sujinhas e cheias de roupas penduradas nas janelas.

Outra maneira de conhecer as Cinque Terre (ou Quattro, ou Tre) é por barco. Você compra um bilhete turístico e usa o transporte entre uma cidade e outra de acordo com a sua conveniência e horários dos barcos, óbvio. Nossa epopeia foi por trem por sugestão do dono da hotel.

Mas o melhor da região é mesmo Porto Venere, que não é uma das cinque. Chega-se lá por mar, meia hora de barco saindo de La Spezia. As belas paisagens podem ser vistas de cima, durante um agradável passeio à pé pelas construções históricas do local. As praias são rochosas, mas a água é mais convidativa do que nas Cinque Terre. Tem até uma caverna dedicada a Lord Byron, que nadava por lá fazendo suas travessias arriscadas. Pertinho tem a Isola Palmari, cujas pseudopraias o moço do hotel recomendou, mas não fomos, já que parecem ser exatamente iguais às de Porto Venere quando se olha de cima.

Porto Venere
Porto Venere

Há outros pontos turísticos lá por perto que não visitamos por falta de tempo, como Lerici, localizada do outro lado do Golfo do Poeta.

Mais fotos:

Cinque Terre
https://www.flickr.com/photos/jo_ma/sets/72157656561603559 

Porto Venere
https://flic.kr/s/aHskeoZbnS







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