quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

Museus de Paris

Sim, nós adoramos museus, em especial os de arte. E não, ninguém é obrigado a gostar de museus, não tem essa de dizer que é "obrigatório" conhecer um museu qualquer quando se visita uma cidade. Só é obrigatório para quem gosta e vai aproveitar a visita, entrar num museu só para se aborrecer e dizer que foi é bobagem. O que a pessoa está perdendo na vida por não gostar de arte é uma outra discussão que não cabe aqui.

Feito o necessário preâmbulo, vamos falar de alguns dos museus de Paris que já conhecemos.

Louvre

Já vimos muita gente metida falando mal do Louvre: que é um inferno cheio de turistas fotografando tudo, que é grande demais, que a Monalisa é pequenina e tão cercada de turistas e câmeras que não se consegue vê-la e até há quem ouse dizer que ela, La Joconde, não tem graça. Bobagem. Os eventuais inconvenientes são insignificantes diante do encanto daquele museu.
 
O Louvre não é grande, é infinito. Não importa quantas você vá, o museu vai estar sempre diferente e maior. Parece que durante a noite ele muda e se expande: galerias inteiras mudam de lugar, corredores desaparecem, salas se materializam onde antes havia uma escadaria.

Não dá para ver o museu todo numa única visita, e nem precisa. Num acervo tão gigantesco, com certeza nem todas as seções interessam a todo mundo, a menos que o visitante seja um estudioso de arte ou alucinado por museus. O melhor é escolher bem o que ver e deixar o restante para outra ocasião, sem remorsos. O Louvre só é lotado mesmo nas salas das obras mais célebres. Há sempre uma pequena multidão ao redor da Vênus de Milo mas pouca gente se detém diante das vitrines das figurinhas gregas de terracota, por exemplo, que são encantadoras. Para ver a Monalisa, basta um pouco de paciência para ir se enfiando no bloco de fotógrafos de celular em punho e parar em frente dela. Aí é só ignorar o pessoal tentando empurrar ou pedindo licença e ficar alguns minutos contemplando aquele rosto, até ela começar a falar com você. É sério, a fama da pequena tela não é gratuita, ela praticamente fala com a gente.


Todas as salas de arte da antiguidade egípcia, grega, romana, etrusca e mesopotâmica, bem como a coleção de arte islâmica,  são uma maravilha para quem gosta dessas coisas. Nas salas onde se concentram as grandes esculturas de mármore do período grego clássico e helenístico é preciso um pouco de paciência com o pessoal que faz fila para ser fotografado imitando as poses das estátuas. Um exercício inútil, claro, porque ninguém consegue sair mais bonito na foto do que as afrodites e apolos da coleção.

A coleção de pintura exige do visitante comum, como nós, algum trabalho de seleção. Além da Monalisa, há outras obras de Leonardo para serem degustadas lentamente, e mais Delacroix, Géricault, Vermeer, Dürer, Caravaggio... E para quem não gosta de agito, as salas de  pintura holandesa, flamenga e alemã estão sempre quase vazias.

Os mapas do museu são muito bem feitos e detalhados, mas mesmo assim a gente se perde. Se isso acontecer, não tenha receio de pedir ajuda aos funcionários, todos bastante solícitos. Eles só perdem a paciência com gente que teima em passar o dedinho nos mármores de vinte e cinco séculos, com certa razão.


O entorno do museu é uma atração à parte. Dá para passar uma tarde toda, ou mais, fotografando as pirâmides e seus espelhos d'água ou passeando nos pátios e no Jardin des Tulleries. Quanto às lojas do Carrousel du Louvre, vale a pena dar uma voltinha só para rir dos preços absurdamente altos e comprar, no máximo, um marcador de páginas.


Orsay

Há quem prefira o Orsay ao Louvre. Comparar museus desse nível é difícil, mas gosto é gosto. O Orsay é, de certa forma, mais fácil de apreciar, por ser menor. As coleções de arte da segunda metade do século 19 e início do século 20 incluem Degas, Manet, Cézanne, Monet, Renoir, Sisley, Pissarro, Van Gogh, Bonnard, Courbet, Corot e Gauguin, além de um importante acervo de fotografias. Lá estão Olympia e Le déjeuner sur l'herbe, de Manet, Bal du moulin de la Galette, de Renoir, e L'origine du monde, de Courbet, só para dar alguns exemplos.


O prédio, uma antiga estação de trens, é muito bonito e fotogênico. Não deixem de dar  uma olhadinha no bonito Café Campana, obra de dois designers brasileiros. É só para olhar, literalmente, a menos que você seja aquele tipo de turista que não tem pena de seus euros.

Uma tarde de visita basta para conhecer o museu todo com tranquilidade.
 

Centro Pompidou

Além da arquitetura futurista esquisitona e da famosa biblioteca pública, o Centro Georges Pompidou (ou Beaubourg) tem um excelente museu de arte moderna e contemporânea, com  obras do século 20 e 21. Agradável e espaçoso, o Beaubourg ainda dá direito a uma vista de Paris do alto (mas não muito).


O entorno também rende um ótimo passeio. O espaço em frente é sempre muito animado, cheio de gente e, com sorte, algum artista se apresentando. Ao lado, na Praça Igor Stravinsky, o espelho d'água tem esculturas de Niki de Saint-Phale.

Uma tarde de visita só para o museu, se você gostar da arte do período.

Orangerie

Quem não tem muito tempo ou muita paciência para os mega-museus acima, não precisa passar por Paris sem entrar em pelo menos um museu. O Musée de l'Orangerie fica no Jardin des Tulleries, ou seja, completamente no caminho do mais distraído dos turistas. É um museu pequeno, mas abriga a coleção Jean Walter et Paul Guillaume, reunida por  um marchand e colecionador de arte entre 1914 e 1934 e inclui obras-primas de Cézanne, Matisse, Modigliani e Picasso.


A atração mais notável são as Ninfeias de Claude Monet, restauradas e expostas da forma que o pintor as concebeu: oito telas dispostas em duas salas ovais consecutivas, de forma que o espectador tem a impressão de estar no próprio jardim. Lindíssimo e realmente imperdível, vejam a visita virtual.

Jeu de Paume

No lado oposto das Tulleries há outro pequeno museu bastante interessante, o Jeu de Paume, com acervo especializado em arte contemporânea e fotografia. Vimos ótimas exposições nas duas visitas que fizemos.

Cortinas de baño. Óscar Muñoz, 1992.

 Se você leu em algum livro antigo de história da arte que suas telas impressionistas prediletas estão no Jeu de Paume, não vá se decepcionar. Não estão mais.  A coleção de pintura impressionista foi transferida para o Orsay na década de 1980.


Quai Branly

Muita gente diz não gostar de museus porque, sem  muita informação sobre arte, não tem paciência para ver retratos de reis e imagens de santos pendurados em intermináveis paredes.  Para esse pessoal, sugerimos tentar uma experiência museológica diferente. Por exemplo, o museu do Quai Branly, dedicado à arte e à cultura populares, indígenas e tribais da África, Ásia, Oceania e Américas.


O acervo tem de tudo: máscaras, vestimentas, arte plumária, objetos cerimoniais, adornos, tapeçaria, esculturas, joias, instrumentos musicais etc, tudo disposto de forma muito agradável aos sentidos, com recursos de iluminação e cenografia que valorizam as coleções. Não há como se aborrecer.

Passamos umas quatro horas lá dentro porque gostamos de museus e de fotografar, mas é possível fazer uma visita proveitosa em menos tempo.

O museu fica próximo da Torre Eiffel, de forma que dá para combinar os dois programas no mesmo dia.


Cluny

O Museu de Cluny, ou Musée National du Moyen Âge, é dedicado à arte medieval. Lá está o famoso conjunto de tapeçarias intitulado A dama e o unicórnio, criado por volta de 1490.

O próprio edifício já é uma atração. Instalado numa antiga abadia medieval, seu conjunto arquitetônico inclui termas romanas, abertas à visitação. Fica bem lá no meio da muvuca turística de Paris, próximo ao Boulevard Saint-Michel. Um ótimo local, portanto, para dar uma descansada do agito e passar umas duas horas em outro mundo.



Rodin

O Museu Rodin, instalado num edifício do século 18 e cercado por um magnífico jardim, tem obras de Auguste Rodin, Camille Claudel e de outros artistas.


No jardim de esculturas está a Porta do Inferno, enorme escultura em bronze com mais de duzentas figuras, que o artista levou dez anos para concluir, O Pensador, Eva e várias outras obras dispostas numa bonita paisagem.

Duas a três horas de visita.

Marmottan Monet

Esse museu,  instalado num casarão que foi um pavilhão de caça,  possui a mais importante coleção de obras de Claude Monet, segundo seu website.

A tela Impression, Soleil levant, de Monet, que deu ao impressionismo seu nome, está lá. Além de Monet, o  museu tem uma coleção importante de Berthe Morisot e outros impressionistas.

Fizemos a visita em pouco mais de duas horas.

Mundo Árabe

O Museu do Institut du Monde Arabe não é tão badalado como os outros que citamos aqui, mas suas coleções que vão da antiguidade à arte contemporânea valem muito uma visita. Museu moderno, arquitetura notável, com destaque para as janelas que se abrem e fecham automaticamente conforme a incidência da luz. A visita requer mais de três horas para aproveitar bem.

Museu da Cidade de Paris

O Musée d'Art Moderne de la Ville de Paris, pertinho do Trocadéro, tem um acervo de cerca de 10.000 obras dos séculos 20 e 21. Destacamos o enorme (600 metros quadrados) mural La fée electricité, de Raoul Dufy e La danse, de Henry Matisse.

Dá pra ver em pouco mais de duas horas de visita e, ótima notícia, a entrada é gratuita para a coleção permanente.

Petit Palais

O museu do Petit Palais tem obras da antiguidade até o século 19, incluindo artistas como  Cézanne, Renoir e Gustave Moreau.

A visita já vale pelo belíssimo prédio, com destaque para o jardim central onde funciona um café. Como a entrada é gratuita, é um excelente ponto para dar uma descansadinha depois de bater pernas pelas margens do Sena ou pela Champs-Elysées.


Maison Européenne de la Photographie


Quem gosta de fotografia vai curtir muito a Maison Européenne de la Photographie, com seu acervo de 20.000 fotos, todas tiragens realizadas pelos próprios autores ou sob sua supervisão. Coleção internacional, com obras realizadas a partir de dos anos 1950.

Se a fotografia não for sua praia, ignore esta sugestão.

Museu do Erotismo

Ao escrever este post, descobrimos que o Musée de l'Erotisme fechou suas portas. A frequência diminui enquanto o aluguel aumentou, e os proprietários tiveram que vender a coleção.Uma pena, era um desses museus pequenos e diferentes que gostaríamos de recomendar.

Ficam aí algumas fotos, para vocês terem uma ideia do que se tratava: https://flic.kr/s/aHskRFysTE


Dicas práticas

Os museus parisienses são bem organizados. Mesmo quando há filas para entrar, como há bilheterias em quantidade suficiente e máquinas de auto-serviço (nos museus maiores), ninguém fica mofando na fila por horas.

Comprar um passe turístico que dá acesso a museus e diversas outras atrações pode ser interessante. Facilita o acesso, porque não é necessário comprar o ingresso nas bilheterias, e sai mais barato. Mas é bom verificar se você vai ter tempo para ver tudo o que está incluído no seu passe, e não se esqueça de que a maioria dos museus tem um dia de acesso gratuito.