domingo, 14 de dezembro de 2014

A terra treme em Cefalônia

Cefalônia é maior das ilhas jônicas da Grécia. A pronúncia é Kefalônia, mas você pode falar de qualquer jeito porque grego entende qualquer coisa e adivinha pensamento.

De Atenas dá para chegar lá de ônibus, barco ou avião. Por conveniência de horário optamos por esse último, mas por avião , no caso, entenda-se mais ou menos 1 hora de voo numa coisa pequena, estreita e com hélices. Se a ideia não te parece muito sedutora, tente a as outras opções. O blog Uma brasileira na Grécia traz algumas informações sobre transporte para as ilhas.

E sim, a terra treme. Cefalônia já sofreu vários terremotos, e por isso não tem grande patrimônio arquitetônico. Depois do último grande tremor, na década de 1950, quase tudo teve que ser reconstruído. Acordamos, certa manhã, com o quarto do hotel chacoalhando mais do que avião em zona de turbulência. Bem mais, na verdade. Mas foi muito rápido. Aparentemente esses tremores são comuns e só assustam os turistas, os nativos não estão nem aí.

Ficamos hospedados em Argostoli, a capital da ilha,uma cidade pequena e agradável, bastante tranquila para um local turístico. Na orla e na rua paralela, que à noite tem um trecho interditado para carros e vira local de passeio,  há muitos restaurantes, bares e lojinhas. 



Come-se bem em Cefalônia e não se paga muito caro, mas o tempero grego pode ser algo enjoativo depois de alguns dias. Comemos numa taverna que nos serviu um tzatziki tão valentemente temperado com alho que nossos estômagos de turista se ressentiram um pouco. Mas não tem problema, como a ilha já foi possessão de Veneza, há muitos restaurantes italianos à disposição.

Um grande destaque no quesito alimentação, por assim dizer, é o ótimo vinho Robola, produzido na ilha. Não fomos até as vinícolas, mas dizem que é um passeio interessante. Na orla há uma loja onde se pode provar duas ou três variedades e os supermercados da cidade também vendem. Os preços são razoáveis e nem é necessário investir no modelo mais caro, porque o mais barato já é bom demais.

As opções de hospedagem no local são duas: as muito simples e as que não podemos pagar, o que simplifica um pouco a escolha. Escolhemos o Panorama Fanari Studios & Apartments e não nos arrependemos.  O local é simples, só tem arrumação do quarto e troca de toalhas a cada dois ou três dias, mas é bastante limpo e confortável. Os quartos têm varanda com vista para o mar.

 

O pessoal é muito gentil e prestativo. Assim que chegamos já tivemos uma verdadeira aula sobre o turismo na ilha, num inglês trôpego, com sotaque italiano e cheio de palavras em alemão, mas compreensível. Alugamos um carro com os donos do hotel e fomos buscados e devolvidos no aeroporto. Muito conveniente. 

Ficamos cinco dias inteiros em Cefalônia, não conseguimos ver tudo e deu vontade ficar mais um pouco.



Praias
Cefalônia tem praias fantásticas: mar absurdamente azul, às vezes transparente, às vezes leitoso, e pedras brancas e redondas no lugar onde deveria estar a areia. Um tanto incômodo para andar, mas colabora muito para a beleza do mar.



Antisamos, Myrtos e Petani são as mais bonitas que encontramos na ilha. As duas primeiras são de fácil acesso e mais próximas de Argostoli. Antissamos é mais agitada e tem bares e restaurantes, enquanto Myrthos é praticamente deserta e tem uma pequena caverna, perto da qual às vezes despenca uma chuva de pedras do alto do morro. Aí a gente se lembra que a terra treme em Cefalônia e cai fora da caverna.
Myrtos

Antisamos

Para chegar a Petani nos perdemos muitas vezes em estradinhas desertas de montanha onde mais difícil do que achar o caminho era achar um grego para pedir informações no horário da sesta. Eles levam a sério a instituição da sesta em Cefalônia, sobretudo nas pequenas vilas. Vejam a foto e concluam se vale a pena.

Petani

O moço do hotel também nos recomendou Xi, uma das poucas praias de areia da ilha. Não gostamos, porque o que eles chamam de areia não é aquela coisa branquinha e solta que a gente conhece, é praticamente uma terra de cor avermelhada. A paisagem é interessante, dunas cinzentas e "areia" vermelha, como se a natureza tivesse feito uma experiência e depois decidido que areia branca e dunas vermelhas, como em Tambaba, fica mais bonito.

Xi

Já Agia Efêmia, também recomendada pelo mesmo moço, é agradável. Uma praia pequena e tranquila, valorizada por uma área de descanso arborizada, com espreguiçadeiras e tudo o mais. Bastante frequentada pelos nativos.

Agia Efemia

Cavernas
A famosa Melissani guarda em seu interior um lago muito azul, iluminado por uma grande abertura no alto. É um lugar belíssimo, mas não espere grandes aventuras cavernosas. Você paga o ingresso de 13 euros, entra na caverna por um corredor e sai no ancoradouro do lago. Aí você já embarca num barquinho e dá uma volta de uns trinta minutos pela caverna, ouvindo as explicações e piadas do barqueiro. Não é permitido nadar, só navegar.

Melissani


Há outras cavernas na ilha, mas não chegamos a vê-las. Pensamos que uma caverna por viagem é uma boa conta.

Assos e Fiskardo
Duas vilas nos foram recomendas pelos caras do hotel. Bonitinha e bastante florida, Assos não é muito distante de Argostoli, mas a viagem por estradinhas de montanha sinuosas e mal conservadas acaba demorando. As praias não são grande coisa, mas a paisagem vale a pena.
Assos
Estrada de Cefalônia


Não fomos para Fiskardo, ao norte da ilha, e lamentamos, porque é o único lugar em Cefalônia onde há construções antigas que escaparam ao último grande terremoto.


Zakynthos
É uma outra ilha, próxima de Cefalônia. Fizemos um passeio de barco para lá, passando pelas Blues Caves, um conjunto de cavernas marítimas nas encostas da ilha e pela Navagio Beach (Praia do Naufrágio), com direito a banhos no mar azul e transparente nos dois locais. Em Navagio a grande atração é um navio que naufragou, deu nome à praia e continua por lá, enferrujando na areia. Fizemos o passeio num barco grande, que não passou sob as cavernas. De Zakynthos saem barcos pequenos que ficam passeando dentro das cavernas, o que talvez seja mais interessante.

Blue Caves

Navagio

A indefectível parada para o almoço foi na capital, com mesmo nome da ilha. Não é muito interessante, mas dá para tomar um banho de mar. Não gostamos de almoçar nesses passeios, perde-se tempo e geralmente paga-se caro. Gostaríamos de fazer uma campanha para suprimir os almoços nos passeios, mas parece que todo mundo adora almoçar e os donos de restaurantes precisam ganhar seu dinheirinho.

O povo
Em Cefalônia os nativos são ainda mais simpáticos do que o pessoal de Atenas. Como vão poucos brasileiros para lá e gregos parecem gostar de nós, eles adoram bater papo e fazer perguntas. É divertido, mas também pode não ser muito, dependendo do seu grau de apreço pela humanidade.

Mais fotos nossas: https://www.flickr.com/photos/jo_ma/sets/72157646563661175/






quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Atenas

Já visitamos Atenas três vezes,  prova que não somos tão chatos quanto nós mesmos dizemos. A cidade não tem nada de exótico ou romântico, pelo contrário: é grande, bagunçada e sujinha, quase uma São Paulo com Acrópole. Aquele tipo de cidade onde o turista não perderá nada se não se afastar dos pontos estritamente turísticos. E nem vai precisar, porque só as atrações mais óbvias já são distração suficiente para uma semana na cidade.

É legal se hospedar em local próximo à Acrópole, região com alta concentração de sítios arqueológicos, bares, restaurantes e comércio de bugigangas. Na última viagem, em julho de 2014, ficamos no Hotel Katerina, simples, arrumadinho, com bom café da manhã e a graça adicional da recepção decorada com um gramofone e uma jukebox. Não é tão perto da Acrópole (20 minutos andando) mas tem uma estação de metrô bem próxima. O hotel Economy também é legal e fica mais perto da Acrópole.

O transporte do aeroporto para centro da cidade é fácil, pegar o metrô ou um ônibus que vai até a Praça Sintagma.

Atenas requer uns cinco dias de visita para ser bem aproveitada. Não sendo possível, três dias inteiros bastam para ver o mais importante.


Acrópole e arredores

Um sonho pra quem gosta de coisas gregas e lia mitologia quando criança. Passear em volta do Partenon e do Erecteu, sentar nos mesmos bancos de pedra do teatro onde Péricles pousou sua bundinha são programas inesquecíveis. Mas é só passear em volta mesmo, não se pode entrar nos templos. E não vale se decepcionar se encontrar um guindaste dentro do Partenon, que parece estar eternamente em obras. Apenas abstraia.


O calor lá em cima atinge proporções épicas e quase não há sombra, portanto vá de chapéu ou boné e leve água. Não deixe para comprar esse último item na entrada do sítio, os preços são abusivos. Lá dentro tem umas máquinas que vendem água a bons preços, mas nem sempre funcionam. No verão procure ir no final da tarde, menos quente e com luz melhor para fotografar. A coisa fecha às 20 horas e o passeio leva de duas a três horas, dependendo da disposição do indivíduo.

Da Acrópole se tem uma boa vista da cidade, mas não é uma paisagem bonita. Atenas vista de cima não é grande coisa, e a poluição não contribui para melhorar o cenário.

Os jardins ao redor são bastante agradáveis, rendem boas fotos da Acrópole vista de baixo e são de acesso gratuito, assim como o Areópago, uma colina pedregosa onde aconteciam os julgamentos na Atenas da Antiguidade. Estivemos lá num domingo e encontramos uma verdadeira festa, com os modernos atenienses fazendo picnic, dançando e convidando os turistas a entrarem na farra.






Lá por perto estão o Ágora antigo, o Ágora romano  e o Stoá de Atalos, um edifício da época helenística reconstruído na década de 1950 que hoje abriga um pequeno museu, de entrada gratuita. Perto do Ágora romano está a Biblioteca de Adriano, mas não esperem ver livros nem bibliotecários. Existem apenas algumas colunas e outros vestígios do edifício doado pelo imperador romano.

Museus

Os absolutamente indispensáveis são o Museu Arqueológico Nacional e o Museu da Acrópole, um prédio moderno e arrojado próximo ao sítio. O ingresso é separado, mas nem pense em economizar porque o acervo é belíssimo e as cariátides originais do Erecteu estão lá. Se você for do tipo que só consegue curtir um museu olhando as fotos que fez, prepara-se para sofrer um pouco, porque lá não pode fotografar. Mas no Museu Arqueológico pode, ou podia quando estivemos lá pela última vez. É um museu velhão, desses que tem algumas salas superlotadas de objetos, sem a elegância museológica do Museu da Acrópole, mas vale totalmente a pena. Até quem não gosta particularmente de museus corre o risco de se apaixonar por uma daquelas estátuas e querer ficar morando lá. Mas eles não deixam.

Já o Museu de Arte Cicládica é relativamente pequeno, mas muito bem montado e instalado num prédio antigo bastante charmoso. Vale a visita para quem gosta bastante de museus e pode ser fotografado.

O Museu Benaki é famoso e parece interessante, mas estes chatos ainda não foram. 

No Cemitério de Ceramicos também há um pequeno museu, mas o melhor mesmo é o próprio cemitério, com seus túmulos da Antiguidade cheios de esculturas (algumas são réplicas modernas) e o Dromos, caminho que levava à Academia Platônica. Um passeio interessante e tórrido, para quem for no verão ateniense de 40 graus.



Templo de Zeus Olímpico

Sobrou muito pouco do imenso templo, mas tem umas colunas lá, algumas em pé, outras deitadas, todas bastante bonitas.


Monte Lycabettus

Um dos pontos turísticos da cidade recomendados em todos os guias. Funciona assim: você sobe, sobe, sobe, até um funicular. Aí você chega no alto e aprecia a discutível vista de Atenas. Quase não há sombra, a menos que o pobre turista se arrisque nos dois cafés disponíveis lá naquelas alturas. Nem tentamos, esses lugares costumam ser caros e ruins. O cansativo passeio só serve para fazer uma foto da Acrópole vista de cima, mas se não usar um editor de imagens para tirar a névoa nem isso vai ter graça. Só vá se não tiver mais nada para fazer.


Plaka

Provavelmente o bairro mais turístico da cidade, pertinho da Acrópole. Um labirinto de ruazinhas cheias de bares, restaurantes e lojas de lembrancinhas, todas iguais. Sabonetes, doces típicos, cosméticos à base de azeite, estatuetas de todos os deuses e heróis mitológicos, de todos os tamanhos e materiais. Eventualmente a gente encontra uma loja mais elegante vendendo supostas réplicas de peças de museus a preços salgados e algumas lojas de bijuteria de boa qualidade. No mais, pura quinquilharia e diversão. Os comerciantes falam todas as línguas do mundo, português incluído, logo é bom tomar cuidado com o que se fala.

Comida e bebida

Saborosa e condimentada, não muito cara mas pouco variada. Nos restaurantes mais acessíveis os pratos não mudam  muito: moussaka, tomates e pimentões recheados, salada grega com tomate, pepino e queijo feta, tzatsiki, uma pastinha feita de iogurte e pepino que pode ser fatal quando eles exageram no alho, souvlaki (espetinhos de carne) e, naturalmente, o popular gyros, conhecido entre nós como churrasco grego. Sim, na Grécia a gente pode comer churrasco grego sem medo, tanto no prato quanto no pão pita, com batata frita e tzatsiki.  

A forma de preparo da moussaka, prato composto basicamente por berinjela e carne, às vezes também batata, muda muito conforme o restaurante. Vai de muito boa a quase sem graça.  

Já os frutos do mar, ao contrário do que a gente pode imaginar, dada a abundância de águas salgadas no país, são caríssimos.

Dizem que as tavernas, restaurantes de comida grega tradicional, são os melhores lugares para comer. Não temos muita experiência nesse quesito, mas até que fomos bem alimentados nas tavernas que experimentamos. As padarias e confeitarias merecem atenção especial. Muita atenção. Mesmo. 

A Grécia tem um hábito excelente que a gente deveria importar: café gelado. Pode ser expresso puro, capuccino, café com leite etc. Tem em toda a parte, os gregos bebem o dia inteiro e é muito bom.

Eles também bebem muito ouzo, uma bebida à base de anis, que normalmente se mistura com água ou gelo. Nada excepcional. A cerveja Mythos é razoável. Quanto aos vinhos, não achamos muita graça. Há quem goste do vinho retsina, típico de lá, mas não é o nosso caso. Já o Robola, vinho branco produzido na ilha de Cefalônia, é delicioso. Se encontrarem em Atenas, encham a banheira.

Os gregos

Povo alegre, simpático e muito comunicativo, estranhamente parecido conosco. Todo  mundo fala um pouco de inglês, mas é fácil se entender com eles mesmo quando não falam, porque os gregos são mestres em comunicação não verbal e parece que até adivinham pensamento. O problema é que adoram conversar e gostam de brasileiros, o que pode ser um tanto incômodo para quem é chato. Mas esqueçam as estátuas, os gregos modernos não são bonitos.

Infelizmente, nossos simpáticos gregos tem um hábito péssimo: fumam feitos malucos, e não se importam em fazê-lo nos restaurantes, ao lado dos turistas infelizes que estão comendo. Lá não é proibido fumar em bares e restaurantes.

O porto

Geralmente quem vai a Atenas também vai para as ilhas, e trataremos do assunto nos próximos posts. Chega-se de metrô ao porto principal, o famoso Pireus, de onde partem os barcos para a maioria das ilhas.

Informação

Não é muito fácil encontrar informações turísticas sobre a Grécia na web. Sites em grego não ajudam muito. O blog Uma brasileira na Grécia  e  página Eu amo a Grécia no Facebook são interessantes.

fotos: https://www.flickr.com/photos/jo_ma/sets/72157622620946458/


terça-feira, 29 de abril de 2014

Quatro dias em João Pessoa

Um chato só consegue preservar sua chatice no Nordeste brasileiro até provar a comida ou botar os olhos sobre uma praia.

A comilança nordestina começa no café da manhã com tapioca, cuscuz, cuscuz de tapioca, curau, pamonha, bolo de rolo, banana cozida ou frita, sucos de frutas da terra e o que mais vier. Dá até raiva de ver gente comendo salsicha com molho de tomate. E continua ainda melhor nas outras refeições. As praias tem mar verdinho, areia branca, coqueiros e, com sorte, falésias coloridas. E o sol é praticamente uma certeza, todos os dias. O único defeito das praias nordestinas, para o gosto destes chatos, é o que muita gente considera sua maior qualidade: a temperatura morna da água do mar. Esses chatos preferem água fria, como não poderia deixar de ser.

João Pessoa não é um destino turístico tão badalado como Natal, Fortaleza e Maceió, mas poderia perfeitamente ser, porque tem as coisas boas do Nordeste em tamanho concentrado, sem tanta agitação e mais barato. A cidade é relativamente pequena e fácil de conhecer, com uma orla bem cuidada e praias urbanas ainda limpas. As melhores praias, ao Sul, já no município de Conde, ficam a uns 30 km de João Pessoa. De carro chega-se fácil, por estradas razoáveis, o que elimina a necessidade de contratar aqueles irritantes passeios com guias, atrasos e pausas para almoço em lugares discutíveis.

Estivemos em João Pessoa há uns 10 anos, mais ou menos, simpatizamos e decidimos voltar. Não nos arrependemos.


Centro histórico
Fica meio longe da orla e, talvez por isso, não muito explorado pelos locais e pelos turistas. Tivemos sorte de sermos conduzidos pelos principais pontos de interesse do centro por uma amiga local.

Belos edifícios antigos - alguns bem conservados e outros nem tanto. A igreja de São Francisco é mais bonita e por ali perto tem a Basílica da cidade, a Igreja do Carmo e o Mosteiro de São Bento. Outros bonitos edifícios são a atual sede da prefeitura (antigos Correios) e  o Teatro Santa Roza.

Igreja de São Francisco

Praias
Alugamos um carrinho do modelo mais barato e partimos rumo ao Sul. No primeiro dia a intenção era chegar em Coqueirinho. Aportamos numa praia bonita, com coqueiros e bastante sossegada, andamos feito uns malucos de um lado para o outro como sempre fazemos e à noite descobrimos que não chegamos em Coqueirinho, mas em Carapibus. Tudo bem, andamos tanto que passamos por Tabatinga e chegamos ao início de Coqueirinho, para onde fomos no dia seguinte. São todas ótimas praias, mas Coqueirinho é um daqueles lugares onde é difícil chegar de carro: tem uma ladeira de terra batida bastante íngreme, estacionamentos lotados e trânsito meio infernal.

Carapibus

Coqueirinho pode ser a melhor opção para quem acha que praia é sinônimo de boteco. A zona botequeira de lá é forte, e ainda tem um restaurante famoso que fica no meio de uma espécie de cânion. Não fomos nem no restaurante nem nos botecos, gostamos de sossego e não temos o hábito de comer na praia porque achamos meio nojento. Preferimos andar novamente feito uns malucos pra longe da muvuca, passando por falésias que parecem paisagem de outro planeta até chegar na divisa de Tambaba. Para nosso gosto, Carapibus e Tabatinga são mais interessantes, porque são mais fáceis de chegar e mais sossegadas. Há diversos pontos pouco concorridos para estacionar, poucos bares e a paisagem é igualmente bonita.

Tabatinga

Coqueirinho

Tambaba é um caso especial. A praia é dividida em duas partes, uma aberta ao público de roupa em geral, outra dedicada ao naturismo, ou seja, é uma praia de nudismo oficial e regulamentada. Na parte naturista só se pode entrar sem roupas - mas boné e chinelo pode - e não são permitidas fotos ou filmagens. Dessa vez resolvemos ficar na parte vestida, mas já fomos à Tambaba naturista e recomendamos muito. Não, não dá vergonha. Por que ter vergonha se está todo mundo sem roupa? E estar gordo(a) ou ser velho(a) também não é problema, porque ninguém vai lá para se exibir e muito menos para olhar os outros. As pessoas só querem ficar em contato com a natureza sem roupas. Na verdade, as pessoas numa praia de nudismo olham muito menos as outras do que nas praias "normais", vá tranquilo(a). Mas se você definitivamente não pretende tirar o maiô, fique na parte vestida de Tambaba, que é igualmente bonita e quase deserta. Tem uns botequinhos na entrada, e só. Tem que pegar uma trilha de fácil acesso e começar o passeio visitando pequenas praias meio escondidas entre a vegetação e as pedras. Depois de umas três ou quatro prainhas, chega-se à praia de falésias coloridas, uma paisagem espetacular.

Tambaba


Pôr do Sol 
Um dos programas turísticos mais conhecidos na cidade é o pôr do sol no Jacaré ao som do Bolero de Ravel interpretado ao saxofone por um músico local. Jacaré é uma praia fluvial localizada em Cabedelo, cidade portuária que faz divisa com João Pessoa. O Bolero é aquele mesmo "clássico popular" que todo mundo conhece (há quem goste). Fomos ver o tal pôr do sol, que efetivamente é bonito, mas, guiados por nossa amiga moradora da cidade, evitamos cuidadosamente o bolero. Chegamos por volta das 17h30, fizemos umas fotos do último adeus do  sol e saímos rapidinho, antes do artista tocar a Ave Maria - que também não era de nosso interesse. 

Jacaré

O lugar é simpático e agitado, cheio de bares, lojinhas e muita, muita gente. Quem quiser encarar o Bolero, tem que chegar antes das 17 horas e bem preparado para a muvuca. Os chatos, naturalmente, se tiverem que ouvir o Bolero, preferem a versão orquestral. Só para conferir, procuramos no Youtube e achamos uma droga o tal saxofone, mas gosto é gosto.

Antes de ir ao Jacaré nossa amiga nos levou ao forte de Cabedelo. O pôr do sol lá também é lindo, com vista para o Jacaré e sem bolero nem  muvuca. Fica a dica ...

Forte de Cabedelo


Comida 
Comer no Nordeste é uma experiência quase emocionante, de tão boa que é a comida.  Comemos muito bem no Mangaí, restaurante por quilo que serve comida regional, em Manaíra e no Gulliver Mar, em  Cabo Branco. Esse último é um restaurante um pouco mais sofisticado, mas come-se bem e nem é tão caro.  Ambos dicas da amiga local. Também experimentamos o Flash, um restaurante simples em frente à praia de Manaíra,  e gostamos. Comida bem feita, preço honesto. Já o Chapéu de Couro, um restaurante de hotel na praia de Tambaú não é grande coisa. Comida razoável, mas o ambiente é meio deprimente.


Mais fotos
https://www.flickr.com/photos/jo_ma/sets/72157644260875706/







segunda-feira, 7 de abril de 2014

Croácia

Por que será que dois chatos que sempre repetem os mesmos roteiros decidiram se destabocar para a Croácia? Talvez tenha sido o chamado do mar... E por isso o roteiro de nossa incursão por esse pais limitou-se quase que exclusivamente à faixa litorânea, de norte a sul.

Como decidimos não passar pela capital, Zagreb, entramos na Croácia por Veneza. Há ferries de Veneza para as cidades de Rovinji e Pula, cidades da Istria - uma espécie de Itália do outro lado do Adriático. A duração do percurso é de pouco mais de 3 horas.

Percorremos todo litoral de carro, até a cidade de Dubrovnik e de lá voltamos para a Itália (Bari) de ferry - 9 horas de travessia.


Rovinji
Rovinji tem um bonito centro histórico todo construído em pedra calcária branca, uma orla pedregosa e um mar profundamente azul. Na verdade, a julgar pelo que vimos, todas as cidades turísticas na orla croata tem centros históricos em pedra branca, mar azul e praia rochosa, mas que vai se incomodar com isso?


Nosso primeiro choque cultural na Croácia foi, decididamente, relacionado ao conceito de praia no país, um tanto estranho para o gosto brasileiro. Na pousada havia um colchonete dobrável à nossa disposição, cuja função só fomos descobrir ao passear pela orla: é o que se usa para para tomar sol nas pedras. Toalhas ou esteiras não são muito adequadas para essa finalidade em solo pedregoso. Outro item engraçado são as sapatilhas de plásticos que eles usam para entrar no mar,  para não machucar os pés nas pedras pontudas e nos ouriços! À venda nos melhores camelôs litorâneos.

Não há muito o que fazer na cidade, mas dá para ficar um dia todo passeando pelo centro histórico e pela orla, examinado as lojinhas que vendem bijuterias de coral de várias cores.

Em Rovinj sentimos pela primeira vez o perfume que nos acompanharia por toda a viagem. Nas cidades arborizadas, cheias de jardins e quintais com árvores frutíferas, é muito comum encontrar pés de figo muito perfumados. A Croácia, no verão, cheira a figos.


Pula
Passamos apenas umas horinhas em Pula, para dar uma espiada no anfiteatro romano que tem por lá. Impressionante, mas é só isso, um anfiteatro romano.



Zadar
Em Zadar há diversos monumentos históricos interessantes, como a enorme igreja bizantina de São Donato, cercada por vestígios de templos greco-romanos e o Museu Arqueológico Nacional, não muito grande mas muito bem montado.

Mas o melhor de Zadar, a cidade-sereia da Croácia,  é o Órgão Marinho - impossível resistir ao canto do mar que vem desse inusitado instrumento. Sim, é de fato um órgão gigante instalado sob uma escadaria de mármore à beira-mar, cujo som é resultado da movimentação das ondas nos orifícios sob a escada, que parece um teclado. A música lembra, por vezes, o canto das baleias. E o mais bacana é que, como o órgão está na "praia" da cidade, a gente pode cair na água e nadar ouvindo sua música. Vejam e ouçam:



Perto do órgão está outro brinquedo bonito de Zadar, construído pelo mesmo arquiteto: o Painel Solar, uma instalação que acumula a luz solar durante o dia, e à noite se ilumina em várias sequências de cores. As pessoas ficam passeando e brincando sobre o painel, totalmente encantadas.





Para conhecer Zadar tranquilamente, visitar o museu, nadar ao som do órgão, ver o por-do-sol na orla e brincar no Painel Solar, é bom passar pelo menos duas noites por lá.


Parque Nacional Plitvicka Jezera
Ou, mais simplesmente, Parque dos Lagos, uma inesquecível beleza croata. Trata-se de um parque natural muito bem preservado, onde vários lagos localizados em diferentes níveis formam inúmeras cachoeiras, uma mais bonita do que a outra. Para aproveitar bem e não morrer de cansaço, o ideal é bom reservar um dia inteiro para passear no parque. O parque é tão organizado que oferece diversas opções de trilhas, com diferentes tempo de percurso. A caminhada não é difícil, até velhinhos e crianças pequenas fazem, mas o parque é grande. Como se trata de um local de preservação, não é permitido entrar na água, só dá para molhar os pés em alguns pontos.





Para ficar um dia todo no Parque, é legal se hospedar nas vilinhas próximas a um dos 2 portões. Ficamos em Rastovača, praticamente uma única rua com várias daquelas pousadas típicas de montanha, todas com aspecto muito simpático. A nossa chamava-seThe Krizmanic Family, limpíssima, confortável, com uma pequena cozinha, sala e varanda.  


Split
A maior atração de Split são as ruínas do Palácio de Diocleciano, o imperador romano (século 3 a 4). O palácio era praticamente uma cidadela, tão grande que às vezes a gente não se dá conta de que está dentro da área que ocupava. Entre as muralhas e outros fragmentos da construção existem lojas, restaurantes, bares, hotéis etc., de forma que a gente pode, se quiser, tomar uma cerveja dentro do palácio de um imperador romano. O túmulo do sujeito está lá, todo imponente, dentro de uma igreja onde só se pode entrar cobrindo os ombros com um lenço, inclusive os homens. Levem seus próprios lenços, se não quiserem botar no ombro um paninho de uso coletivo.

Vale dar um espiada na gigantesca estátua de Gregório de Nin, um herói local. O pessoal gosta de alisar o dedão da estátua, devem imaginar que dá sorte ou algo assim.

Do porto de Split saem ferries em direção às ilhas próximas. Visitamos Stari Grad, na ilha de Hvar, e Vis, na ilha de mesmo nome, uma mais bonita do que a outra. Cidades históricas cheias de monumentos e praias muito bonitas, naquela batida croata de sempre, pedras e mar azul, calmo e fresco.




Há também cruzeiros e passeios de barco que podem ser contratados no porto, mas não fizemos nenhum. Gostamos mais de pegar um ferry e ficar o tempo que quisermos na ilha escolhida, mas isso é preferência pessoal.

Passamos 4 noites em Split e foi suficiente para nosso gosto, mas quem quiser explorar mais as ilhas não vai se entediar se ficar mais tempo.


Também fomos para Trogir, cidadezinha bem perto de Split, onde se chega facilmente de ônibus. Deixamos o carro alugado na vaga dele, para não ter que sair à caça de outro lugar para estacionar na volta, e pegamos o busão. Trogir também é lindinha, mais construções e mais calçamento de pedra branca, tudo muito croata. 




Dubrovnik
Nossa última parada na Croácia foi em Dubrovinik, cujo ponto alto é a cidade velha amuralhada. Nossa "praia" predileta na cidade era uma encosta pedregosa com escadinhas para entrar no mar, iguais às de piscinas. O banho de sol era um tanto incômodo mas o mar compensava adequadamente o desconforto. Praias de areia macia enfeitadas de coqueiros, como as do nosso Nordeste, são melhores? Ah, são. Mesmo. Mas, se estiver na Croácia, faça como os croatas, ora.






Comunicação
Os nativos são amistosos e comunicativos. Os jovens falam inglês, alguns bastante bem, mas com os mais velhos o bicho pega. É o sistema croata, o sujeito te diz "good morning" e depois croata, croata, croata e no final um "OK?". Mas como eles falam com as mãos e os olhos que nem nós, os gregos e os italianos, alguma coisa sempre se entende.


Hospedagem
O problema da Croácia é que as opções de hospedagem mais baratas não são propriamente hotéis, são pequenos apartamentos que as pessoas alugam. Isso que dizer, nada de recepção e portaria 24 horas. Você combina com o dono o horário de chegada e ele te espera na porta. Aí você se atrasa, o cara vai embora e, naturalmente, nem pensa em deixar um bilhete para os infelizes dos brasileiros. Sim, aconteceu conosco em Zadar, e tivemos que pedir ajuda para um vizinho simpático que, por sorte, conhecia alguém que conhecia o proprietário.

Mas o pior aconteceu em Split, onde não respeitaram nossa reserva e nos deixaram na rua, depois de muito tentar brigar em inglês. Brigar em outra língua é horrível! Se forem pra Split, não façam reservas no Apartments Diocletian, é fria.


Comida
As cervejinhas radler sabor limão ou laranja, leves e refrescantes, são nossa a melhor lembrança da Croácia no quesito paladar. Com o vinho croata, vamos dizer que não tivemos sorte. 

Comemos muito bem na Croácia, mas em restaurantes italianos. Por sorte, parece que metade da Itália migrou para a Croácia e abriu um restaurante. De resto, comida sem graça, sem tempero e sem sabor. Mas, como vocês já devem ter percebido, nós somos muito chatos.











terça-feira, 11 de março de 2014

Um tango de Carnaval

Onde os chatos passam o Carnaval? Na Argentina, óbvio. No ano passado passamos em Córdoba, este ano em Buenos Aires. É sempre divertido quando estamos fora do país no Carnaval e um nativo descobre que somos brasileiros:

Mas, mas ... o que vocês estão fazendo aqui? O mundo inteiro quer ir ao Brasil no Carnaval e vocês vem para cá?

Pois é. Às vezes é difícil explicar certas coisas em outra língua.

Mas é ótimo estar em Buenos Aires em qualquer época, somos fãs de carteira assinada. Já fizemos quase todos os passeios clássicos: Caminito, Puerto Madero, Recoleta, Calle Florida, feira de San Telmo aos domingos, Teatro Colón, Plaza de Mayo, Paza del Congreso, o Paseo de la Historiet com suas estátuas de personagens de quadrinhos, a Plaza Itália e seu entorno, com feirinha de artesanato aos sábados, domingos e feriados, o Jardim Japonês, o Rosedal, magnífico jardim de roseiras de todas as cores, e a Floralis Genérica, escultura de metal representando uma flor cujas pétalas ficam abertas durante o dia e fechadas à noite. Todos os passeios são bons, Buenos Aires é uma cidade que vale várias visitas. Temos aí nesse link fotos de quase tudo isso:

http://www.flickr.com/photos/jo_ma/sets/72157623457182985/

Entre as melhores atrações estão os museus, que valem sozinhos o preço da viagem, para quem gosta de arte: o  Museu Nacional de Belas Artes e o Malba - Museu de Arte Latinoamericano. O acervo de arte latino-americana dos séculos 20 e 21 do Malba inclui o Abaporu, da Tarsila do Amaral. Não é um museu muito grande, pode ser visto com tranquilidade em uma tarde. O  Museu  Nacional é bem grande e tem impressionistas, Goya, Gaughin, Van Gogh, Rodin, El Greco, além de obras de artistas argentinos que a gente conhece pouco. A entrada é gratuita. No Centro Cultural da Recoleta, que também é grátis,  há sempre exposições interessantes e bem montadas.

Caminito

Já vimos até show de tango para turistas, e valeu a pena, tango é tango. O espetáculo é um tanto cafona, o programa pode incluir jantar e sai caro, mas a música é de primeira. Optamos pelo Piazzolla, por indicação de um guia, e não nos arrependemos. A opção mais barata é ver os dançarinos que se apresentam nas ruas nos pontos turísticos mais agitados, como a Recoleta. Alguns são muito bons, mas a música é gravada. E há também as famosas "milongas", casas onde o pessoal da cidade vai para dançar. São bailes, não espetáculos. Os chatos, que também são tímidos e não sabem dançar, chegaram na porta da Confitería Ideal, bem no centro da cidade, na Calle Suipacha quase esquina com a Av. Corrientes, mas ficaram com vergonha de entrar. Os mais animados não têm o que temer, as milongas oferecem aulas básicas de tango antes do arrasta-pé propriamente dito.

Um passeio que todo mundo faz e os chatos se recusam, é ver o túmulo da Evita no cemitério da Recoleta. Para quem gosta de túmulos e celebridades deve ser fascinante, mas chatos militantes bocejam para essas coisas.


Fomos e achamos uma droga
Os piores micos de Buenos Aires foram, até agora, o passeio de barco pelo rio Tigre e o shopping Abasto. O rio é até que bonito, mas como fomos no inverno, as opções eram duas: ficar abrigados no restaurante do barco, sentindo cheiro de gordura e comida, ou passar frio do lado de fora. Como não costumamos almoçar nesses passeios, porque geralmente não temos fome, e a comida é ruim e cara, optamos pela segunda e quase congelamos. Se o frio em Buenos Aires já é coisa séria nas ruas, imaginem num rio com o vento batendo em nossos esqueletos. Portanto, só façam esse passeio se estiverem com fome. Ou no verão, mas aí não sabemos como é, porque não temos intenção  nenhuma de voltar ao Tigre.

Aparentemente todo mundo gosta de fazer compras no shopping Abasto, meio longe do centro consumista e tido como mais barato. Resolvemos conferir, só por curiosidade. Descobrimos que é uma bobagem, só um shopping normal com praticamente os mesmos preços do resto da cidade. Pelo menos a Galeria Florida, o shopping famoso, é um prédio bonito e tem o Centro Cultural Borges.


O mais divertido
O que mais gostamos de fazer em Buenos Aires, atualmente, é andar pela cidade fotografando e descobrindo novos cantinhos, tomar sorvete de dulce de leche, ver filmes argentinos no cinema do Incaa - Instituto Nacional de Cine y Artes Audiovisuales, na Praça do Congresso e fazer a ronda das livrarias e lojas de discos.

El Ateneo Santa Fé
                                                               
O clima
Em Buenos Aires faz tanto calor no verão quanto em São Paulo, mas não se esqueçam de que é a Argentina é aquele país que vira e mexe nos manda frentes frias. Sempre que estivemos lá no verão havia aquela brisa fresca soprando, principalmente à noite. Nesse Carnaval o clima estava particularmente agradável, com sol bonito e ventinho soprando o dia todo, sem calorão e com apenas alguns chuviscos pela manhã. 

Em nossa primeira viagem nevou em Buenos Aires depois de 89 anos, no dia 9 de julho. justamente no dia do azarado passeio pelo Tigre. Não foi lá uma grande nevasca, mas os nativos estavam em êxtase, comemorando, brincando sem camisa na neve ... Uma festa. Até a moça do controle de passaporte no aeroporto perguntou se vimos a neve e comentou que tivemos muita sorte. Tivemos?

 

De qualquer forma, com ou sem neve, é gostoso estar em Buenos Aires no inverno. A cidade, com seus cafés aconchegantes, combina bem com o clima frio.


Política
Se você não quer ver passeatas e manifestações,  não vá para Buenos Aires, terra de gente politizada e briguenta. Impossível ir para lá e não topar com pelo menos uma passeatinha na Avenida de Mayo.

Em Buenos Aires é preciso olhar não apenas para os belos monumentos e prédios antigos, também para o chão, onde foram colocadas placas marcando os locais onde pessoas foram mortas ou sequestradas durante a ditadura. Essas marcas estão em toda parte, para que ninguém esqueça que todo aquele horror aconteceu. E quem gosta de grafites vai encontrar todo o tipo de slogans e palavras de ordem nos muros ao longo da Avenida de Mayo.




Comida e bebida
Come-se bem em Buenos Aires, bebe-se melhor ainda e, para os carnívoros é praticamente o paraíso. Mas a famosa parrillada é um prato reservado apenas aos ogros que devoram vísceras, cuidado. 

Gostamos de comer nos restaurantes antigos do centro da cidade, em especial aqueles frequentados pelos nativos. O Arturito, com seus garçons velhinhos e engraçados é um dos nossos prediletos, já passamos o reveillon lá algumas vezes. Cardápio bem variado e comida boa, apenas um pouquinho mais cara do que nos demais. É bom tomar cuidado com os vinhos, um dos velhinhos nos trouxe uma vez um vinho que não pedimos, caríssimo, e só nos demos conta depois de beber metade. Mas estava muito bom. Outro na mesma linha é o Los Inmortales, que fica cheio de nativos na hora do almoço, gente que trabalha por perto. Também gostamos de um espanhol da Avenida de Mayo, El Cortijo. Em Puerto Madero tem uns restaurantes mais bacanas, mas nunca comemos lá. Para quem gosta de lugares mais bonitos e turísticos, devem ser uma boa opção.

Para uma boquinha rápida, empanadas e fatias de pizza em casas bem populares são uma ótima ideia, se você não for uma pessoa de gosto muito sofisticado.São muitas e parece que competem para ver qual é a mais mais barulhenta e bagunçada.

Mas a melhor parte da comilança porteña é poder pedir um vinho nos restaurantes e pagar um preço totalmente viável para bolsos pobretões. Vinho, não cerveja. A cervejinha lá é cara e a popular e onipresente Quilmes é péssima. Abstêmios podem se divertir bastante com a gaseosa Paso de los Toros de pomelo (grapefuit), uma delícia.


Dinheiro
O câmbio nos favorece e sempre levamos dólares e reais e lá trocamos um pouco de pesos. As casas de câmbio da Florida têm taxas próximas ao câmbio oficial. Nos dois aeroportos (Ezeiza e Aeroparque) têm agência do Banco de la Nación Argentina. Existe uma casa de câmbio na Av Corrientes (quase esquina com a Florida) que tem sempre a melhor taxa.

Além disso, restaurantes e lojas aceitam pagamento em dólar e real. Então, é sempre  bom andar com as 3 moedas na carteira e ver qual a mais vantajosa na hora de efetuar o pagamento.


Balada para un loco
E para terminar dramaticamente, bem de acordo com o espírito da cidade:

Las tardecitas de Buenos Aires tienen ese que se yo, viste?
Salgo de casa por Arenales, lo de siempre en la calle y en mi...