segunda-feira, 7 de abril de 2014

Croácia

Por que será que dois chatos que sempre repetem os mesmos roteiros decidiram se destabocar para a Croácia? Talvez tenha sido o chamado do mar... E por isso o roteiro de nossa incursão por esse pais limitou-se quase que exclusivamente à faixa litorânea, de norte a sul.

Como decidimos não passar pela capital, Zagreb, entramos na Croácia por Veneza. Há ferries de Veneza para as cidades de Rovinji e Pula, cidades da Istria - uma espécie de Itália do outro lado do Adriático. A duração do percurso é de pouco mais de 3 horas.

Percorremos todo litoral de carro, até a cidade de Dubrovnik e de lá voltamos para a Itália (Bari) de ferry - 9 horas de travessia.


Rovinji
Rovinji tem um bonito centro histórico todo construído em pedra calcária branca, uma orla pedregosa e um mar profundamente azul. Na verdade, a julgar pelo que vimos, todas as cidades turísticas na orla croata tem centros históricos em pedra branca, mar azul e praia rochosa, mas que vai se incomodar com isso?


Nosso primeiro choque cultural na Croácia foi, decididamente, relacionado ao conceito de praia no país, um tanto estranho para o gosto brasileiro. Na pousada havia um colchonete dobrável à nossa disposição, cuja função só fomos descobrir ao passear pela orla: é o que se usa para para tomar sol nas pedras. Toalhas ou esteiras não são muito adequadas para essa finalidade em solo pedregoso. Outro item engraçado são as sapatilhas de plásticos que eles usam para entrar no mar,  para não machucar os pés nas pedras pontudas e nos ouriços! À venda nos melhores camelôs litorâneos.

Não há muito o que fazer na cidade, mas dá para ficar um dia todo passeando pelo centro histórico e pela orla, examinado as lojinhas que vendem bijuterias de coral de várias cores.

Em Rovinj sentimos pela primeira vez o perfume que nos acompanharia por toda a viagem. Nas cidades arborizadas, cheias de jardins e quintais com árvores frutíferas, é muito comum encontrar pés de figo muito perfumados. A Croácia, no verão, cheira a figos.


Pula
Passamos apenas umas horinhas em Pula, para dar uma espiada no anfiteatro romano que tem por lá. Impressionante, mas é só isso, um anfiteatro romano.



Zadar
Em Zadar há diversos monumentos históricos interessantes, como a enorme igreja bizantina de São Donato, cercada por vestígios de templos greco-romanos e o Museu Arqueológico Nacional, não muito grande mas muito bem montado.

Mas o melhor de Zadar, a cidade-sereia da Croácia,  é o Órgão Marinho - impossível resistir ao canto do mar que vem desse inusitado instrumento. Sim, é de fato um órgão gigante instalado sob uma escadaria de mármore à beira-mar, cujo som é resultado da movimentação das ondas nos orifícios sob a escada, que parece um teclado. A música lembra, por vezes, o canto das baleias. E o mais bacana é que, como o órgão está na "praia" da cidade, a gente pode cair na água e nadar ouvindo sua música. Vejam e ouçam:



Perto do órgão está outro brinquedo bonito de Zadar, construído pelo mesmo arquiteto: o Painel Solar, uma instalação que acumula a luz solar durante o dia, e à noite se ilumina em várias sequências de cores. As pessoas ficam passeando e brincando sobre o painel, totalmente encantadas.





Para conhecer Zadar tranquilamente, visitar o museu, nadar ao som do órgão, ver o por-do-sol na orla e brincar no Painel Solar, é bom passar pelo menos duas noites por lá.


Parque Nacional Plitvicka Jezera
Ou, mais simplesmente, Parque dos Lagos, uma inesquecível beleza croata. Trata-se de um parque natural muito bem preservado, onde vários lagos localizados em diferentes níveis formam inúmeras cachoeiras, uma mais bonita do que a outra. Para aproveitar bem e não morrer de cansaço, o ideal é bom reservar um dia inteiro para passear no parque. O parque é tão organizado que oferece diversas opções de trilhas, com diferentes tempo de percurso. A caminhada não é difícil, até velhinhos e crianças pequenas fazem, mas o parque é grande. Como se trata de um local de preservação, não é permitido entrar na água, só dá para molhar os pés em alguns pontos.





Para ficar um dia todo no Parque, é legal se hospedar nas vilinhas próximas a um dos 2 portões. Ficamos em Rastovača, praticamente uma única rua com várias daquelas pousadas típicas de montanha, todas com aspecto muito simpático. A nossa chamava-seThe Krizmanic Family, limpíssima, confortável, com uma pequena cozinha, sala e varanda.  


Split
A maior atração de Split são as ruínas do Palácio de Diocleciano, o imperador romano (século 3 a 4). O palácio era praticamente uma cidadela, tão grande que às vezes a gente não se dá conta de que está dentro da área que ocupava. Entre as muralhas e outros fragmentos da construção existem lojas, restaurantes, bares, hotéis etc., de forma que a gente pode, se quiser, tomar uma cerveja dentro do palácio de um imperador romano. O túmulo do sujeito está lá, todo imponente, dentro de uma igreja onde só se pode entrar cobrindo os ombros com um lenço, inclusive os homens. Levem seus próprios lenços, se não quiserem botar no ombro um paninho de uso coletivo.

Vale dar um espiada na gigantesca estátua de Gregório de Nin, um herói local. O pessoal gosta de alisar o dedão da estátua, devem imaginar que dá sorte ou algo assim.

Do porto de Split saem ferries em direção às ilhas próximas. Visitamos Stari Grad, na ilha de Hvar, e Vis, na ilha de mesmo nome, uma mais bonita do que a outra. Cidades históricas cheias de monumentos e praias muito bonitas, naquela batida croata de sempre, pedras e mar azul, calmo e fresco.




Há também cruzeiros e passeios de barco que podem ser contratados no porto, mas não fizemos nenhum. Gostamos mais de pegar um ferry e ficar o tempo que quisermos na ilha escolhida, mas isso é preferência pessoal.

Passamos 4 noites em Split e foi suficiente para nosso gosto, mas quem quiser explorar mais as ilhas não vai se entediar se ficar mais tempo.


Também fomos para Trogir, cidadezinha bem perto de Split, onde se chega facilmente de ônibus. Deixamos o carro alugado na vaga dele, para não ter que sair à caça de outro lugar para estacionar na volta, e pegamos o busão. Trogir também é lindinha, mais construções e mais calçamento de pedra branca, tudo muito croata. 




Dubrovnik
Nossa última parada na Croácia foi em Dubrovinik, cujo ponto alto é a cidade velha amuralhada. Nossa "praia" predileta na cidade era uma encosta pedregosa com escadinhas para entrar no mar, iguais às de piscinas. O banho de sol era um tanto incômodo mas o mar compensava adequadamente o desconforto. Praias de areia macia enfeitadas de coqueiros, como as do nosso Nordeste, são melhores? Ah, são. Mesmo. Mas, se estiver na Croácia, faça como os croatas, ora.






Comunicação
Os nativos são amistosos e comunicativos. Os jovens falam inglês, alguns bastante bem, mas com os mais velhos o bicho pega. É o sistema croata, o sujeito te diz "good morning" e depois croata, croata, croata e no final um "OK?". Mas como eles falam com as mãos e os olhos que nem nós, os gregos e os italianos, alguma coisa sempre se entende.


Hospedagem
O problema da Croácia é que as opções de hospedagem mais baratas não são propriamente hotéis, são pequenos apartamentos que as pessoas alugam. Isso que dizer, nada de recepção e portaria 24 horas. Você combina com o dono o horário de chegada e ele te espera na porta. Aí você se atrasa, o cara vai embora e, naturalmente, nem pensa em deixar um bilhete para os infelizes dos brasileiros. Sim, aconteceu conosco em Zadar, e tivemos que pedir ajuda para um vizinho simpático que, por sorte, conhecia alguém que conhecia o proprietário.

Mas o pior aconteceu em Split, onde não respeitaram nossa reserva e nos deixaram na rua, depois de muito tentar brigar em inglês. Brigar em outra língua é horrível! Se forem pra Split, não façam reservas no Apartments Diocletian, é fria.


Comida
As cervejinhas radler sabor limão ou laranja, leves e refrescantes, são nossa a melhor lembrança da Croácia no quesito paladar. Com o vinho croata, vamos dizer que não tivemos sorte. 

Comemos muito bem na Croácia, mas em restaurantes italianos. Por sorte, parece que metade da Itália migrou para a Croácia e abriu um restaurante. De resto, comida sem graça, sem tempero e sem sabor. Mas, como vocês já devem ter percebido, nós somos muito chatos.











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