segunda-feira, 4 de julho de 2022

Vitória, antes do fim do mundo

 Preâmbulo


No Carnaval de 2019 fizemos nossa última viagem, antes do mundo (quase) acabar. A pandemia, que já era uma realidade na Europa, ainda não havia desembarcado no Brasil, pelo menos até onde a gente sabia. Mas, pouco depois que voltamos, já estávamos confinados em casa, com o caos à nossa volta, com medo de morrer pelo vírus ou pela incompetência do governo. 


Não havia clima para escrever sobre viagens, e este blog quase foi fechado.


Enfim, sobrevivemos. Fomos vacinados, não saímos de casa para quase nada, usamos e ainda estamos usando máscaras. No final do ano passado, voltamos ao trabalho presencial e a uma vida quase normal. Mas sem cinema, sem passeios, ainda sem viagens. Só trabalho e casa.


Há cerca de um mês, criamos  coragem para voltar aos cinemas, pelo menos. Mas só nas sessões de 14 horas, sábados e domingos, para encontrar com a menor quantidade possível de seres humanos. E agora, nestas férias de julho, estamos nos preparando para voltar a viajar, finalmente. Viagens curtas, tão curtas quanto nosso dinheiro.


Com a perspectiva de novos saracoteios por aí, voltou a vontade de escrever. Então, vamos lá contar o pouco que lembramos da nossa viagem para Vitória, capital do Espírito Santo.






Vitória


A vontade era passar o Carnaval num lugar tranquilo, mas não no meio do mato. Vitória, que um de nós já havia visitado rapidamente, a trabalho, parecia uma opção boa e barata. De fato, a cidade é tranquila nessa época do ano, porque não é uma cidade de Carnaval. Vimos alguns bloquinhos de rua, nada mais. Na verdade, talvez até seja tranquila demais, meio paradona. Mas isso não nos incomodou.


A cidade


As atrações não são muitas, mas suficientes para uns quatro dias. Demos uma volta pelo Centro Histórico, vimos o Palácio Anchieta e visitamos os restos da antiga igreja de São Tiago, interessante pela pelas paredes construída pela técnica do esgrafito. Queríamos conhecer o Museu de Artes do Espírito Santo, mas estava fechado para reformas.


     Palácio Anchieta



    Esgrafito


     Museu de Artes do Espírito Santo



O projeto Tamar é um bom passeio para quem gosta de tartarugas e outros bichinhos do mar, além de ter uma vista bonita da cidade e do morro onde fica o Convento da Penha.



O Convento, localizado em Vila Velha, no alto de um morro, é passeio obrigatório. Vale não só pelo monumento em si, indicado sobretudo para quem gosta de conventos e de arquitetura, mas pelas vistas belíssimas da cidade, do alto.












Praias 


As melhores praias estão no município de Vila Velha. Como faz muito tempo, não nos lembramos mais em qual praia passamos uma manhã. É uma praia urbana, bonita mas muito movimentada, indicada para quem gosta de agito praiano. Tem um rochedo que avança sobre o mar, um pouco mais tranquilo do que a areia, no qual se pode desfrutar da paisagem e fazer boas fotos. Não tivemos ânimo para procurar outras praias, porque imaginamos que, por ser feriado, estariam todas lotadas.




Pedra Azul


O melhor passeio que fizemos foi para o Parque Estadual da Pedra Azul, a cerca de 100 quilômetros de Vitória, no Município de Domingos Martins. Passeio de trilha, montanha e natureza. Fomos de ônibus normal, que sai da rodoviária de Vitória, e descemos na estrada, na entrada do parque,  já com a passagem de volta comprada. O detalhe é importante, porque não há uma parada de ônibus no local, é necessário pegar o bicho na estrada.


Na entrada do parque há várias lojinhas e um café, onde se pode fazer uma boquinha e comprar produtos locais, muito bons. Depois, é só pegar a Rota do Lagarto, uma estradinha que dá acesso à entrada das trilhas. Trata-se de uma caminhada de cerca de 40 minutos, que tem que ser feita à pé, obrigatoriamente. Não exige grande esforço e dá direito a bonitas paisagens e vistas da Pedra Azul, no ângulo em que se vê a Pedra do Lagarto, que é uma formação rochosa  na própria Pedra Azul que tem a forma de um lagarto. Quando fomos a Pedra não estava azul, fenômeno que acontece apenas em algumas épocas do ano e horários do dia. O pessoal que trabalha por lá, nas lojas e lanchonetes, jura que é real e mostra muitas fotos para provar. Mas mesmo sem o azul, a pedrona e seu lagarto são muito bonitos.









No final da Rota do Lagarto, chega-se à parte mais interessante do passeio, as trilhas. Dá para ir sem guia, porque são bem sinalizadas, mas é necessário preencher um termo de compromisso na entrada. Há várias opções de trilhas, a escolher de acordo com o preparo físico e disponibilidade de tempo. Optamos pela trilha mais longa, até as piscinas naturais. Não é uma trilha difícil, mas tem  muita subida, alguns degraus rústicos de pedra e trechos escorregadios. Exige boas pernas e calçado adequado, mas nós dois, sessentões habituados a caminhar, demos conta. Para chegar às piscinas, há duas opções: pela rocha, usando cordas de apoio, e pela trilha. Recomendamos aos mais velhos e menos preparados essa segunda opção, que foi a que fizemos. Encontramos, pelo caminho, pessoas que se arrependeram de usar as tais cordas. As piscinas nada mais são do que buracos nas pedras, com cerca de dois metros de diâmetro, que ficam cheios de água. Dá para entrar, mas, como estávamos sozinhos e não sabíamos a profundidade daquilo, preferimos só molhar os pés. A paisagem no local é deslumbrante. 


    As marcas na pedra



    O lagarto, bem de perto



                        As piscinas


Dica para quem for de ônibus: saiam bem cedo. Nós pegamos um ônibus que saiu por volta das 11 horas e voltamos por volta das 17 horas. Dá para fazer o passeio, mas fica meio corrido.  No blog Viagens e Caminhos há mais informações sobre esse passeio. 



Comida


A moqueca capixaba é famosa, com razão. Diferentemente da baiana, não leva dendê, mas é igualmente gostosa. 


Para quem gosta de bares e agitação noturna, o local é o Triângulo das Bermudas, na Praia do Canto. São umas duas ou três ruas onde se concentram diversos bares e restaurantes. A comida é razoável e o local é simpático, mas só para quem gosta do estilo “muita gente e música alta”. Entramos num desses bares meio cedo, quando ainda estava vazio. Imediatamente, aumentaram o som. Como estávamos só nós lá dentro, pedimos para baixar e não fomos atendidos. Levantamos e fomos embora. 


Comemos muito bem e sem barulho no Hortomercado, um espaço que concentra restaurantes, lojas e um mercadinho. Quando estivemos lá, havia também uma ótima cervejaria artesanal. Num dos restaurantes de lá comemos um peixe excelente, que o cozinheiro gentilmente adaptou aos nossos pedidos. 


No Espírito Santo são fabricadas ótimas panelas de barro, indicadas para fazer moquecas capixabas ou não. Em Vitória há até um local específico que o pessoal indica para comprar as panelas, no bairro de Goiabeiras. Não fomos, porque já temos as tais panelas, compradas na estrada, numa viagem que fizemos até Guarapari e Itaúnas. 


Um comentário:

  1. Bom dia! Após muito tempo sem acessar o Blog de vocês, hoje, olhando meus "Favoritos" no navegador, eis que os redescubro. Que bom! Já estou (eu sigo) planejando as próximas viagens. Eu também estive no ES em 2022, usufruindo de uma passagem comprada e adiada em virtude da pandemia. Aliás, no teu texto eu acredito que vocês quiseram dizer "carnaval de 2020", não é? Abraço!

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