quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Paris dos chatos

Quase tudo o que dizem de ruim sobre Paris é verdade. Sim, o metrô é sujo e cheira mal, as ruas também deixam a desejar nesse quesito, a cidade fica lotada e cheia de filas na alta temporada e a mão que pega o seu dinheiro é a mesma que prepara o seu sanduíche. E nada disso importa, Paris é uma maravilha até com chuva.

Já estivemos lá várias vezes e, se pudermos, voltaremos. Há muita informação sobre a cidade circulando por aí, mas como a opinião de gente chata é sempre útil, vamos falar do que mais gostamos por lá.

As ruas


Caminhar à toa, fotografando e curtindo a paisagem é bom em qualquer lugar, mas em Paris é imprescindível, para não perder a graça dos detalhes.

A  caminhada clássica pelas margens do Sena é uma das nossas prediletas (somos chatos, não fazemos questão de originalidade). É simples, basta sair de Notre Dame, por exemplo, e ir andando devagar até a ponte Alexandre III, parando em cada ponte para ver a paisagem, a belíssima arquitetura, o rio, os barcos, os bouquinistes, os artistas desenhando e pintando.




A paisagem das pontes é digna de ser apreciada em diversos horários, para ser fotografada com todas as variações de luz possíveis. No final da tarde, a Pont des Arts  vira uma animadíssima área de pic-nic, onde se comem desde modestos sanduíches até lautas pratadas de macarrão.



No verão, em época de Paris Plages, a caminhada tem a graça adicional de ver o pessoal tomando sol e se divertindo nas praias artificiais montadas pela prefeitura. Tem "praia" de madeira, de grama e até de areia, com direito a guarda-sóis, espreguiçadeiras, chuveirinhos, sorveterias e quase tudo o que uma praia de verdade tem, menos o banho de mar. O Sena é bonito, mas não se pode nadar nele.



Há quem recomende o passeio de barco pelo rio. Nós fizemos e não achamos muita graça. Do chão a paisagem é bem mais bonita, tanto nas ruas quanto nas margens do rio.

Caminhadas por bairros como o Marais, Saint-Germain-des-Prés ou Montmartre também são muito agradáveis. Tem muita gente pelas ruas, muitos grupos de turistas fazendo selfies ou pedindo pra você fazer foto deles com o celular que você não enxerga ou com uma câmera que você não sabe usar? Ah, tem sim, faz parte. Todo mundo gosta de Paris.



O Canal Saint-Martin parece estar na moda e é um dos passeios indicados como "alternativos" ou pitorescos nos guias e blogs por aí. Nós caminhamos por lá e, de fato, alguns pontos são bastante simpáticos, mas em outros você vai conviver com lixo jogado no chão, apesar de haver lixeiras aos montes, e cheiro de urina, apesar da prefeitura ter instalado muitos mictórios públicos. Sugestão para quem estiver indo a Paris pela primeira vez: não se preocupem em ser diferentes, o passeio convencional pelas margens do Sena é bem melhor.

Os parques e jardins

 São maravilhosos os parques e jardins da cidade, ótimos para passar uma tarde inteira ou, caso a agenda esteja muito lotada, dar uma passada para relaxar depois de um dia de museus, por exemplo. Além dos jardins e áreas verdes, esses locais têm obras de arte, fontes, espaços expositivos, espelhos d'água ou lagos, restaurantes, barraquinhas de doces e sorvetes e áreas para pic-nic, tudo muito bem cuidado e democrático. Um hábito local muito interessante são as cadeiras de metal que você pode movimentar como quiser, levar para a sombra ou para o sol, como preferir.





No Jardin des Tuileries, projetado por André Le Nôtre,  quase todo mundo passa, por que está lá no meio da muvuca turística e pertinho do Louvre, mas o Jardin du Luxembourg e o Jardin des Plantes são paradas obrigatórios para quem gosta dessas coisas.
 

As pracinhas

Paris é cheia de pequenas praças ajardinadas limpas e bem cuidadas, que eles chamam de squares. São locais onde tudo mundo vai comer, tanto os turistas quanto os nativos na hora do almoço. Algumas têm banheiros públicos e quase todas têm fontes de água potável. Essas fontes são um equipamento fundamental no verão parisiense, porque além de matar a sede é possível usar aquelas que ficam no chão, baixinhas, para refrescar e tirar a poeira dos pés. As praças e parques de Paris são todas de chão de terra e cascalho,  que deixam os pés dos andarilhos em estado lastimável.


Um dos mais famosos é o Square du Vert-Galant, na pontinha da Île de la Cité, supostamente um local de encontros românticos do rei Henri IV, aquele protestante que se casou com a católica Rainha Margot (a do filme com Isabelle Adjani). Henri teria declarado, ao se converter ao catolicismo para poder subir ao trono da França:  "Paris bem vale uma missa".



As pâtisseries


São muitas, cheias de tortas, pudins e macarrons, geralmente muito bem feitos e nunca excessivamente doces. Apesar de toda a nossa prática e experimentação, ainda não conseguimos comer doces ruins em Paris. Nossos preferidos são as tartelettes (tortinhas) de limão, de ruibarbo ou de frutas vermelhas. Uma dica para os devoradores de doces: não deixem para comprá-los muito tarde, depois das quatro da tarde começa a ficar difícil encontrar sua tartelette preferida.

As prateleiras de queijos e vinhos nos supermercados

Ninguém viaja para conhecer supermercados, mas comer todo mundo precisa, e escolher entre inúmeras opções de queijos e vinhos fabulosos é mais divertido e mais  barato do que procurar um restaurante caro e minúsculo para matar a fome. É só acrescentar uma saladinha pronta, pão, frios e frutas à sacola de compras e voilà uma bela refeição parisiense para comer nas pracinhas ou no hotel.

Os museus


Mesmo quem não gosta muito de museus pode encontrar em Paris o seu museuzinho do coração. São muitos, um melhor do que outro, e nem todos são gigantescos e superlotados. Mas, como somos chatos e gostamos muito de museus, vamos fazer um post específico só para esse assunto. Aguardem!

Mas, e a Torre Eiffel?


Sim, claro, tem a Torre Eiffel, o Arco do Triunfo, Notre-Dame, o Sacré-Coeur etc. Com exceção de Notre-Dame, não entramos nem subimos em nenhum deles. Vimos por fora, fotografamos e nos contentamos com isso. Avaliações rápidas: Notre-Dame tem uns vitrais lindos, as filas para subir na torre são épicas e a subida é claustrofóbica, mas a vista vale a pena; a Torre Eiffel é imponente; o Sacré-Coeur é feio; o Arco é só um arco.

Muitos brasileiros reclamam do povo de Paris, que consideram grosseiro e pouco amistoso com os turistas. Sorte ou não, talvez por sermos chatos, sempre fomos muito bem tratados na cidade. Já escrevemos sobre a famosa chatice dos franceses neste blog, leiam aí:

Seriam chatos os franceses?













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