domingo, 6 de dezembro de 2015

Três verões no Sul da França

Já estivemos três vezes na Provence e Côte d'Azur, que estão entre os pedaços mais bonitos da França. Gostamos bastante do país, e não venham dizer que é porque os franceses são uns chatos. Não achamos os franceses chatos, e ainda vamos falar sobre isso aqui neste blog.

Nossas incursões pela Provence foram no verão, em julho, e não conseguimos ver os famosos campos de lavanda floridos. Apesar do que informa este site e vários outros que consultamos, quando estivemos por lá as lavandas todas já haviam sido colhidas e estavam virando sabonete ou perfume em algum lugar. Isso quer dizer que voltaremos tantas vezes quantas a idade e o dinheiro permitirem, até vermos os malditos campos roxinhos.

Mesmo sem lavandas nos campos, a região é cheia de belezas naturais,  arquitetônicas, culturais, culinárias etc. Faz um calor dos diabos, mas por toda a parte a gente encontra fontes e bicas para se refrescar, muitas delas de água potável  e algumas brotando alegremente do chão.


Aix-en-Provence

Em nossa primeira viagem, escolhemos como base a cidade de Paul Cézanne, Aix-en-Provence, onde ele pintou tantas vezes o Monte de Sainte-Victoire. É uma cidade bastante agradável para se hospedar e passear. Tem dois museus ótimos, a Fundação Vasarely e o Museu Granet.

O centro histórico tem alguns monumentos interessantes, uma estátua do Cézanne, uma feirinha de produtos regionais durante o dia e, para quem gosta, uma quantidade aparentemente inesgotável de lojas chiques e caras. Um dos cartões postais da cidade é a Fontaine de la Rotonde, com água jorrando pela boca dos leões.

Fontaine de la Rotonde

Fundação Vasarely


Cour Mirabeau, centro de Aix

Fãs de Cézanne podem se sentir tentados a visitar o atelier do mestre, como nós. Mas é o seguinte: paga-se 13 euros por cabeça para ver apenas uma sala cheia dos cacarecos do artista e é tudo. Nem se pode fotografar. Programa só para quem se emociona com esse tipo de coisa, "oh, a canequinha do Cézanne". O mais interessante do local é o jardim que cerca a casa, muito bonito e de acesso gratuito.  A casa onde o artista morou, chamada Jas de Bouffan, também está aberta à visitação, mas não fomos. 

Placa que indica, no chão, o caminho para os sítios de Cézanne

Jardins do atelier
De Aix saímos para conhecer outras cidades da região, num  carro alugado. Dá pra fazer a mesma coisa de trem, os dois jeitos tem vantagens e desvantagens. De carro tem-se mais mobilidade e menos preocupação com horários, mas achar lugar para estacionar a geringonça nas cidades grandes pode ser um problema chato.

Avignon

Na cidade francesa que já teve uns papas, a grande atração é o palácio dos ditos cujos, o Palais des Papes, que apenas fotografamos de longe, já que moradas de papas não são nossa praia. E também a Ponte de St-Bénézet, famosa por não ir para lugar nenhum. Quem visitar a cidade durante seu famoso festival de teatro vai encontrá-la em festa, cheia de grupos se apresentando pelas ruas, principalmente em frente ao Palais. É bonito de se ver, mas encontrar lugar para estacionar não é nada divertido. Dica: há uma área às margens do rio que se vê na foto onde é possível parar o estorvo de rodas sem pagar.

Palais des Papes durante o Festival de Avignon

Ponte de St-Bénézet

 

Les Beaux-de-Provence e Arles


Les Beaux-de-Provence é uma dessas lindas vilas medievais de pedra onde todas as nossas fantasias sobre a região cultivadas pelo cinema francês viram realidade. Vielas estreitas, igrejas antigas, pracinhas, chafarizes, casas de pedra com janelas de madeira coloridas, flores por toda a parte e belas vistas do entorno. No mais, uma profusão de lojas, restaurantes, docerias, sorveterias, galerias de arte e tudo o mais que o turista gosta, infelizmente a preços bem salgados. É uma dessas  cidadezinhas francesas que apelidamos de fofocidades, de tão arrumadinhas e decorativas que até parecem cenográficas. Será?

Les Beaux

Les Beuax

Les Beaux
Les Beaux

Demos uma passadinha em Arles para ver grande atração da cidade, um bem preservado anfiteatro romano, programa excelente para quem gosta de anfiteatros romanos e nunca viu um. Visitamos também o Musée Departamental d'Arles Antique, muito bom.



Saint-Paul de Vence e outras paradas


Na Côte d'Azur nos deparamos com mais fofocidades de pedra, todas lindas, floridas e com nomes sonoros: Eze, Saint-Paul de Vence e Tourette-sur-Loup.
 
Eze
Eze

Eze
Saint-Paul de Vence
Saint-Paul de Vence
Tourrete-sur-Loup
Tourrete-sur-Loup
Estivemos também em Grasse, a terra do perfume, que é bonita mas bem menos espetacular do que Eze e Les Beaux-de-Provence. Lá o grande programa é visitar fábricas de perfume. Não fomos, mas tivemos a péssima ideia de provar sorvete de lavanda (sim, isso existe), que parece desinfetante gelado.

Grasse
Passamos também por Nice e não achamos lá grande coisa. Tem uma orla extremamente movimentada, a Promenade des Anglais, uma colina de onde se pode apreciar a bela vista da cidade e uma cidade velha que é, basicamente, velha.



Marseille

Em nossa segunda viagem à Provence, ficamos em Marseille e nos deslocamos de trem para visitar outras cidades. Marseille, para falar a verdade, não é grande coisa. O melhor da cidade é o belíssimo porto, de onde saem passeios de barco que passam pelo castelo de If, cenário do romance O Conde de Montecristo e vão até as calanques, falésias de rochas brancas que avançam para o mar de água azul.

Porto de Marseille
Marseille
Passeio de barco pelas calanques

Passeio de barco pelas calanques

A área ao redor do porto é muito animada, cheia de bares e restaurantes. Para quem gosta, é o lugar certo para comer uma porção de moules frites, que não são (felizmente) mexilhões fritos, mas mexilhões  com batata frita, um prato por algum motivo famoso na cidade. José deu conta dos mexilhões e Marina se limitou às batatas.

Outra atração da cidade é o Palais Longchamp, com sua arquitetura um tanto exibicionista. Há dois museus no Palais, o de História  Natural, que não conhecemos, e o de Belas Artes, pequeno e sem grandes atrativos, e um parque muito bonito.


Lamentavelmente não chegamos a conhecer o Musée des Civilisations de l’Europe e de la Méditerranée, mas parece que vale a pena.

Optamos por nos hospedar perto da estação de trem, para facilitar os deslocamentos. Dá para ir até o porto à pé, mas as ruas no caminho não primam pela limpeza.

Cassis 

É uma cidadezinha litorânea muito movimentada, a poucos minutos de trem de Marseille, cuja grande
atração são as calanques, que podem ser vistas de barco ou à pé. O passeio de barco é feito em embarcações pequenas, que navegam entre as calanques e fazem paradas para banho. Quem preferir ir à pé, como nós fizemos, faz uma caminhada de uns 40 minutos e chega na calanque mais próxima do centro de Cassis por cima dela. A paisagem impressionante já vale a caminhada, e dá para descer até uma das praias. Da próxima vez faremos o passeio de barco, que chega nas praias mais bonitas. Cassis é muito bonitinha e até pensamos em nos hospedar lá, mas os preços são proibitivos pros nossos bolsos. Compensa ficar em Marseille, ao lado da estação de trem.





Saint-Rémy-de -Provence


Em 2015, querendo uma abordagem mais bucólica da região, decidimos nos hospedar em Saint-Rémy. É uma cidade pequena e agradável, cheia de pousadas com aquele ar de casarão rural de filme francês. Ficamos no Canto Cigalo, simples, confortável e cercada por um belo jardim. Só erramos em reservar,  por descuido, um quarto sem ar condicionado e quase entramos em combustão espontânea, porque o ventilador não dava conta. Anotem aí: Provence, no verão, só com ar condicionado.

Os restaurantes da cidade são caríssimos, mesmo para os padrões da França. Não fizemos nenhuma refeição em restaurante em uma semana de estada, compramos comida no supermercado e pizza para comer no hotel. A dica é escolher pousadas mais simples, mas com geladeira no quarto, onde seja possível fazer refeições com algum conforto. O Cigalo permite que os hóspedes comam nas mesas do jardim ou no terraço.
O melhor de Saint-Rémy são os sítios arqueológicos: Glanum, uma vila dos séculos VII e VI a.C, e Les Antiques, conjunto de monumentos formados por arco de triunfo e um mausoléu. Dá para ir à pé a partir do centro, seguindo o que eles chamam de "rota Van Gogh", que consiste numa série de plaquinhas com reproduções de obras do artista nos locais que ele supostamente teria pintando, até chegar ao sanatório onde ficou internado uns tempos. Chega a ser engraçado como esse pessoal sabe aproveitar ao máximo o potencial turístico de uma cidade.


Les Antiques
Glanum

No mais, o centro da cidade é agradável, tem uma feirinha de produtos da região bastante apetitosa e alguns pequenos museus. Visitamos o Hôtel de Sade, um monumento antigo que exibe peças extraídas no sítio arqueológico de Glanum, mas que nada tem a ver com o Marquês famoso.




De Saint-Rémy partimos de carro para conhecer as cidades da região, particularmente as do Luberon. O espetáculo começa nas estradas:




Luberon


A região do Luberon é um parque natural cheio de aldeias (ou fofocidades) lindamente preservadas e decoradas. Gordes, com sua vista emblemática, é uma das mais famosas, mas há dezenas de outras, cada uma mais bonitinha do que a outra. Passamos por Roussillon, Cavaillon, Fontaine-de-Vaucluse, Isle-sur-la-Sorgue, Ansouis, Lourmarin, Bonnieux e provavelmente mais algumas cujos nomes já esquecemos. Para não gostar da região, precisa ser mais chato do que nós, o que é uma proeza para poucos.

Gordes
Paisagem do Luberon

Ansouis
Bonnieux
Em Roussillon, além das cidadezinha, há um parque chamado Le Sentier des Ocres onde se pode conhecer uma impressionante paisagem de falésias de areia em todas as variações de amarelo e laranja que se possa imaginar. Puro Van Gogh, mas muito poeirento e seco. Recomendamos levar muita, muita água.

Sentier des Ocres
Roussillon


Em Fontaine-de-Vaucluse a cor é o verde. A aldeia é cortada por um rio cristalino, que nasce dentro de uma caverna. Infelizmente não é permitido nadar, só molhar os pés na água geladinha.



Nîmes e Pont du Gard

Mais vestígios da ocupação romana da região podem ser vistos em Nîmes, que também possui sua arena (para quem gosta) e a Maison Carré, um templo romano muito bem preservado. Ao lado da Maison, num edifício moderna, há uma museu, uma biblioteca e, informação importante: banheiros!





O Pont du Gard é um enorme aqueduto com 49 metros de altura, muito impressionante. Sob ele passa um rio limpo e tranquilo onde se pode nadar, o que é uma ótima notícia quando a gente viaja no verão.




Mais fotos e mais informações sobre a região aqui:

https://www.flickr.com/photos/jo_ma/albums/72157625275812166

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