quinta-feira, 10 de setembro de 2015

A arte de dirigir fora do Brasil

Vale a pena alugar carro em viagens internacionais por dois motivos essenciais: ganhar tempo (ou deixar de perde-lo) e ter a privacidade/flexibilidade/ócio que você não teria viajando de ônibus/trem/avião ou excursão.

Para dirigir em alguns países é necessário ter uma PID (permissão internacional para dirigir), que funciona como uma espécie de carteira de motorista global. Alguns países pedem, algumas agências de aluguel de carros pedem, mas acredito que isto sirva mais para casos de encrenca, que envolva acidentes, polícia e tal. Já aluguei carro em outros países apenas utilizando o passaporte ou a carteira de motorista brasileira. Consulte antes de sair se o destino exige a tal PID (pode ser tirado no Detran da sua cidade, mediante pagamento).


Avis, Budget e Hertz são as principais empresas mundiais de aluguel de carro. Você pode fazer cotações online referente aos dias em que permanecerá com carro, kilometragem e tipo de veículo. Estas empresas normalmente solicitam um cartão de crédito internacional e insistem em empurrar todo o tipo de seguro estendido para o veículo. Se você for um safe driver, estiver confiante com a direção em outro país e acreditar no cara lá de cima, faça apenas o seguro mínimo. 

Dirigir na mão inglesa pode ser confuso de início, mas em pouco tempo você se adapta. Na dúvida, é melhor solicitar um carro com câmbio automático. As únicas coisas que me importunam dirigindo com o volante na direita é decorar a alavanca de seta (como o eixo da direção é invertido, a seta lá fica onde é o nosso limpador de para-brisa aqui, e vice-versa. Imaginem acionar o limpador sempre que quiser jogar seta) e entrar e sair de rótulas/rotundas, quando o cérebro não consegue entender prontamente para onde você deve cruzar e a quem você deve dar passagem.


Se a viagem for longa você vai em algum momento precisar abastecer. Lembre-se que em muitos países não existe a figura do frentista, logo você mesmo terá que abastecer o tanque. Em alguns países você paga adiantado dentro da lojinha e especifica qual bomba você usurá. Ou você simplesmente coloca o combustível e paga ao final na lojinha o valor correspondente ao consumo.

A maioria das locadoras de automóveis solicitam que você devolva o tanque cheio. Assim, busque nos mapas antes de devolver o carro onde existem postos de gasolina, próximos ao local de devolução do veículo. Em geral, nas grandes cidades, os aeroportos são os melhores locais para alugar um carro: o acesso até o aeroporto é facilitado e as locadoras ficam abertas 24 horas por dia, 7 dias na semana.

Em países desenvolvidos, o radical trust prevalece, e pode acontecer de você simplesmente retornar o carro em um estacionamento designado e utilizar um “key-drop”, alguma caixinha onde você devolve a chave, exatamente como nas bibliotecas e antigas video-locadoras, sem intermédio de um funcionário humano. Isso pode causar uma certa aflição aos brasileiros, acostumados com recibos e assinaturas, mas até hoje, nunca deu errado comigo.


Se você permanecer com o carro alugado por mais de um dia terá que se preocupar em encontrar um local para deixar pernoite. A maioria dos hotéis oferece estacionamento, mas os preços são proibitivos. E em cidades high-profile, onde o valor dos estacionamentos é feito exatamente para inibir a circulação de carros no centro, pode sair bem caro deixar o carro estacionado por algumas horas. O mais simples é tentar conseguir uma vaga segura em um ponto de rua, desses que você coloca moedinha no totem (meter), e é bom lembrar que no horário noturno (entre 18-6h) normalmente é cobrado apenas uma fração/período. Consulte o site da prefeitura do local de destino para descobrir se existem estacionamentos públicos e quanto é cobrado por eles.

Nestas mesmas cidades onde o tráfego nas regiões centrais não é bem vindo, normalmente existem sistemas de radiofrequência, que cobram automaticamente sempre que o veículo adentra a região. Se você não possui o tal aparelhinho, daqueles que ficam colados no vidro do carro, você certamente será multado. Consulte com a locadora se eles oferecem estas maquininhas de passagem livre (eles cobram depois o valor das entradas nessas zonas, direto no cartão de crédito).


As estradas dos países desenvolvidos são extremamente bem sinalizadas e seguras. O que me irrita, e talvez aos demais brasileiros típicos, é que em determinados situações os motoristas locais simplesmente se mantêm dentro do limite de velocidade, quando obviamente seria possível andar mais rápido, sem oferecer risco à sociedade e ainda assim fazer o tráfego fluir melhor (embora a ciência me prove o contrário). Esteja atento aos locais onde existem radares de velocidade e tente antever pontos onde os policiais podem estar escondidos. Em highways, uma dica é seguir os motoristas locais que se demonstram mais ousados (rápidos, porém seguros), pois eles provavelmente conhecem as mudanças dos perímetros de velocidade e locais de radares.

Em alguns lugares existe a cultura dos motor-homes. Muitos jovens e pequenos grupos optam por alugar essas vans e minivans, que contam com camas, banheiros e cozinhas. Pode ser uma boa opção pra economizar com hotéis. 

Alugar carro fora também é um boa oportunidade de dirigir aquela carreta que você jamais pilotaria no Brasil, ou ter a chance de cruzar um autobahn em velocidade que os carros populares daqui nem possuem no velocímetro. O preço de aluguel de carros esportivos, de luxo ou SUVs as vezes é pouco maior do que o valor do sedan tradicional. Vale a ostentação.



No mais, use cinto de segurança, aproveite a paisagem e não se comporte como um babaca.








Um comentário:

  1. Guiei dois meses na Tailândia com mão inglesa. O primeiro dia foi terrível, depois o cérebro entrou no automático e não fiz nenhuma besteira. Se forem para lá entre janeiro e setembro, preparem-se para um calor acima de 35C a maior parte do tempo, inclusive alta madrugada. E na média tudo bem mais barato que Brasil e Europa, que não conheço.

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