domingo, 14 de dezembro de 2014

A terra treme em Cefalônia

Cefalônia é maior das ilhas jônicas da Grécia. A pronúncia é Kefalônia, mas você pode falar de qualquer jeito porque grego entende qualquer coisa e adivinha pensamento.

De Atenas dá para chegar lá de ônibus, barco ou avião. Por conveniência de horário optamos por esse último, mas por avião , no caso, entenda-se mais ou menos 1 hora de voo numa coisa pequena, estreita e com hélices. Se a ideia não te parece muito sedutora, tente a as outras opções. O blog Uma brasileira na Grécia traz algumas informações sobre transporte para as ilhas.

E sim, a terra treme. Cefalônia já sofreu vários terremotos, e por isso não tem grande patrimônio arquitetônico. Depois do último grande tremor, na década de 1950, quase tudo teve que ser reconstruído. Acordamos, certa manhã, com o quarto do hotel chacoalhando mais do que avião em zona de turbulência. Bem mais, na verdade. Mas foi muito rápido. Aparentemente esses tremores são comuns e só assustam os turistas, os nativos não estão nem aí.

Ficamos hospedados em Argostoli, a capital da ilha,uma cidade pequena e agradável, bastante tranquila para um local turístico. Na orla e na rua paralela, que à noite tem um trecho interditado para carros e vira local de passeio,  há muitos restaurantes, bares e lojinhas. 



Come-se bem em Cefalônia e não se paga muito caro, mas o tempero grego pode ser algo enjoativo depois de alguns dias. Comemos numa taverna que nos serviu um tzatziki tão valentemente temperado com alho que nossos estômagos de turista se ressentiram um pouco. Mas não tem problema, como a ilha já foi possessão de Veneza, há muitos restaurantes italianos à disposição.

Um grande destaque no quesito alimentação, por assim dizer, é o ótimo vinho Robola, produzido na ilha. Não fomos até as vinícolas, mas dizem que é um passeio interessante. Na orla há uma loja onde se pode provar duas ou três variedades e os supermercados da cidade também vendem. Os preços são razoáveis e nem é necessário investir no modelo mais caro, porque o mais barato já é bom demais.

As opções de hospedagem no local são duas: as muito simples e as que não podemos pagar, o que simplifica um pouco a escolha. Escolhemos o Panorama Fanari Studios & Apartments e não nos arrependemos.  O local é simples, só tem arrumação do quarto e troca de toalhas a cada dois ou três dias, mas é bastante limpo e confortável. Os quartos têm varanda com vista para o mar.

 

O pessoal é muito gentil e prestativo. Assim que chegamos já tivemos uma verdadeira aula sobre o turismo na ilha, num inglês trôpego, com sotaque italiano e cheio de palavras em alemão, mas compreensível. Alugamos um carro com os donos do hotel e fomos buscados e devolvidos no aeroporto. Muito conveniente. 

Ficamos cinco dias inteiros em Cefalônia, não conseguimos ver tudo e deu vontade ficar mais um pouco.



Praias
Cefalônia tem praias fantásticas: mar absurdamente azul, às vezes transparente, às vezes leitoso, e pedras brancas e redondas no lugar onde deveria estar a areia. Um tanto incômodo para andar, mas colabora muito para a beleza do mar.



Antisamos, Myrtos e Petani são as mais bonitas que encontramos na ilha. As duas primeiras são de fácil acesso e mais próximas de Argostoli. Antissamos é mais agitada e tem bares e restaurantes, enquanto Myrthos é praticamente deserta e tem uma pequena caverna, perto da qual às vezes despenca uma chuva de pedras do alto do morro. Aí a gente se lembra que a terra treme em Cefalônia e cai fora da caverna.
Myrtos

Antisamos

Para chegar a Petani nos perdemos muitas vezes em estradinhas desertas de montanha onde mais difícil do que achar o caminho era achar um grego para pedir informações no horário da sesta. Eles levam a sério a instituição da sesta em Cefalônia, sobretudo nas pequenas vilas. Vejam a foto e concluam se vale a pena.

Petani

O moço do hotel também nos recomendou Xi, uma das poucas praias de areia da ilha. Não gostamos, porque o que eles chamam de areia não é aquela coisa branquinha e solta que a gente conhece, é praticamente uma terra de cor avermelhada. A paisagem é interessante, dunas cinzentas e "areia" vermelha, como se a natureza tivesse feito uma experiência e depois decidido que areia branca e dunas vermelhas, como em Tambaba, fica mais bonito.

Xi

Já Agia Efêmia, também recomendada pelo mesmo moço, é agradável. Uma praia pequena e tranquila, valorizada por uma área de descanso arborizada, com espreguiçadeiras e tudo o mais. Bastante frequentada pelos nativos.

Agia Efemia

Cavernas
A famosa Melissani guarda em seu interior um lago muito azul, iluminado por uma grande abertura no alto. É um lugar belíssimo, mas não espere grandes aventuras cavernosas. Você paga o ingresso de 13 euros, entra na caverna por um corredor e sai no ancoradouro do lago. Aí você já embarca num barquinho e dá uma volta de uns trinta minutos pela caverna, ouvindo as explicações e piadas do barqueiro. Não é permitido nadar, só navegar.

Melissani


Há outras cavernas na ilha, mas não chegamos a vê-las. Pensamos que uma caverna por viagem é uma boa conta.

Assos e Fiskardo
Duas vilas nos foram recomendas pelos caras do hotel. Bonitinha e bastante florida, Assos não é muito distante de Argostoli, mas a viagem por estradinhas de montanha sinuosas e mal conservadas acaba demorando. As praias não são grande coisa, mas a paisagem vale a pena.
Assos
Estrada de Cefalônia


Não fomos para Fiskardo, ao norte da ilha, e lamentamos, porque é o único lugar em Cefalônia onde há construções antigas que escaparam ao último grande terremoto.


Zakynthos
É uma outra ilha, próxima de Cefalônia. Fizemos um passeio de barco para lá, passando pelas Blues Caves, um conjunto de cavernas marítimas nas encostas da ilha e pela Navagio Beach (Praia do Naufrágio), com direito a banhos no mar azul e transparente nos dois locais. Em Navagio a grande atração é um navio que naufragou, deu nome à praia e continua por lá, enferrujando na areia. Fizemos o passeio num barco grande, que não passou sob as cavernas. De Zakynthos saem barcos pequenos que ficam passeando dentro das cavernas, o que talvez seja mais interessante.

Blue Caves

Navagio

A indefectível parada para o almoço foi na capital, com mesmo nome da ilha. Não é muito interessante, mas dá para tomar um banho de mar. Não gostamos de almoçar nesses passeios, perde-se tempo e geralmente paga-se caro. Gostaríamos de fazer uma campanha para suprimir os almoços nos passeios, mas parece que todo mundo adora almoçar e os donos de restaurantes precisam ganhar seu dinheirinho.

O povo
Em Cefalônia os nativos são ainda mais simpáticos do que o pessoal de Atenas. Como vão poucos brasileiros para lá e gregos parecem gostar de nós, eles adoram bater papo e fazer perguntas. É divertido, mas também pode não ser muito, dependendo do seu grau de apreço pela humanidade.

Mais fotos nossas: https://www.flickr.com/photos/jo_ma/sets/72157646563661175/






3 comentários:

  1. Texto maravilhoso!! 2015 de muitas viagens!

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  2. Convido vcs a participarem do meu blog, entrem em contato comigo p email e vou te explicar como. Obrigada!

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