quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Atenas

Já visitamos Atenas três vezes,  prova que não somos tão chatos quanto nós mesmos dizemos. A cidade não tem nada de exótico ou romântico, pelo contrário: é grande, bagunçada e sujinha, quase uma São Paulo com Acrópole. Aquele tipo de cidade onde o turista não perderá nada se não se afastar dos pontos estritamente turísticos. E nem vai precisar, porque só as atrações mais óbvias já são distração suficiente para uma semana na cidade.

É legal se hospedar em local próximo à Acrópole, região com alta concentração de sítios arqueológicos, bares, restaurantes e comércio de bugigangas. Na última viagem, em julho de 2014, ficamos no Hotel Katerina, simples, arrumadinho, com bom café da manhã e a graça adicional da recepção decorada com um gramofone e uma jukebox. Não é tão perto da Acrópole (20 minutos andando) mas tem uma estação de metrô bem próxima. O hotel Economy também é legal e fica mais perto da Acrópole.

O transporte do aeroporto para centro da cidade é fácil, pegar o metrô ou um ônibus que vai até a Praça Sintagma.

Atenas requer uns cinco dias de visita para ser bem aproveitada. Não sendo possível, três dias inteiros bastam para ver o mais importante.


Acrópole e arredores

Um sonho pra quem gosta de coisas gregas e lia mitologia quando criança. Passear em volta do Partenon e do Erecteu, sentar nos mesmos bancos de pedra do teatro onde Péricles pousou sua bundinha são programas inesquecíveis. Mas é só passear em volta mesmo, não se pode entrar nos templos. E não vale se decepcionar se encontrar um guindaste dentro do Partenon, que parece estar eternamente em obras. Apenas abstraia.


O calor lá em cima atinge proporções épicas e quase não há sombra, portanto vá de chapéu ou boné e leve água. Não deixe para comprar esse último item na entrada do sítio, os preços são abusivos. Lá dentro tem umas máquinas que vendem água a bons preços, mas nem sempre funcionam. No verão procure ir no final da tarde, menos quente e com luz melhor para fotografar. A coisa fecha às 20 horas e o passeio leva de duas a três horas, dependendo da disposição do indivíduo.

Da Acrópole se tem uma boa vista da cidade, mas não é uma paisagem bonita. Atenas vista de cima não é grande coisa, e a poluição não contribui para melhorar o cenário.

Os jardins ao redor são bastante agradáveis, rendem boas fotos da Acrópole vista de baixo e são de acesso gratuito, assim como o Areópago, uma colina pedregosa onde aconteciam os julgamentos na Atenas da Antiguidade. Estivemos lá num domingo e encontramos uma verdadeira festa, com os modernos atenienses fazendo picnic, dançando e convidando os turistas a entrarem na farra.






Lá por perto estão o Ágora antigo, o Ágora romano  e o Stoá de Atalos, um edifício da época helenística reconstruído na década de 1950 que hoje abriga um pequeno museu, de entrada gratuita. Perto do Ágora romano está a Biblioteca de Adriano, mas não esperem ver livros nem bibliotecários. Existem apenas algumas colunas e outros vestígios do edifício doado pelo imperador romano.

Museus

Os absolutamente indispensáveis são o Museu Arqueológico Nacional e o Museu da Acrópole, um prédio moderno e arrojado próximo ao sítio. O ingresso é separado, mas nem pense em economizar porque o acervo é belíssimo e as cariátides originais do Erecteu estão lá. Se você for do tipo que só consegue curtir um museu olhando as fotos que fez, prepara-se para sofrer um pouco, porque lá não pode fotografar. Mas no Museu Arqueológico pode, ou podia quando estivemos lá pela última vez. É um museu velhão, desses que tem algumas salas superlotadas de objetos, sem a elegância museológica do Museu da Acrópole, mas vale totalmente a pena. Até quem não gosta particularmente de museus corre o risco de se apaixonar por uma daquelas estátuas e querer ficar morando lá. Mas eles não deixam.

Já o Museu de Arte Cicládica é relativamente pequeno, mas muito bem montado e instalado num prédio antigo bastante charmoso. Vale a visita para quem gosta bastante de museus e pode ser fotografado.

O Museu Benaki é famoso e parece interessante, mas estes chatos ainda não foram. 

No Cemitério de Ceramicos também há um pequeno museu, mas o melhor mesmo é o próprio cemitério, com seus túmulos da Antiguidade cheios de esculturas (algumas são réplicas modernas) e o Dromos, caminho que levava à Academia Platônica. Um passeio interessante e tórrido, para quem for no verão ateniense de 40 graus.



Templo de Zeus Olímpico

Sobrou muito pouco do imenso templo, mas tem umas colunas lá, algumas em pé, outras deitadas, todas bastante bonitas.


Monte Lycabettus

Um dos pontos turísticos da cidade recomendados em todos os guias. Funciona assim: você sobe, sobe, sobe, até um funicular. Aí você chega no alto e aprecia a discutível vista de Atenas. Quase não há sombra, a menos que o pobre turista se arrisque nos dois cafés disponíveis lá naquelas alturas. Nem tentamos, esses lugares costumam ser caros e ruins. O cansativo passeio só serve para fazer uma foto da Acrópole vista de cima, mas se não usar um editor de imagens para tirar a névoa nem isso vai ter graça. Só vá se não tiver mais nada para fazer.


Plaka

Provavelmente o bairro mais turístico da cidade, pertinho da Acrópole. Um labirinto de ruazinhas cheias de bares, restaurantes e lojas de lembrancinhas, todas iguais. Sabonetes, doces típicos, cosméticos à base de azeite, estatuetas de todos os deuses e heróis mitológicos, de todos os tamanhos e materiais. Eventualmente a gente encontra uma loja mais elegante vendendo supostas réplicas de peças de museus a preços salgados e algumas lojas de bijuteria de boa qualidade. No mais, pura quinquilharia e diversão. Os comerciantes falam todas as línguas do mundo, português incluído, logo é bom tomar cuidado com o que se fala.

Comida e bebida

Saborosa e condimentada, não muito cara mas pouco variada. Nos restaurantes mais acessíveis os pratos não mudam  muito: moussaka, tomates e pimentões recheados, salada grega com tomate, pepino e queijo feta, tzatsiki, uma pastinha feita de iogurte e pepino que pode ser fatal quando eles exageram no alho, souvlaki (espetinhos de carne) e, naturalmente, o popular gyros, conhecido entre nós como churrasco grego. Sim, na Grécia a gente pode comer churrasco grego sem medo, tanto no prato quanto no pão pita, com batata frita e tzatsiki.  

A forma de preparo da moussaka, prato composto basicamente por berinjela e carne, às vezes também batata, muda muito conforme o restaurante. Vai de muito boa a quase sem graça.  

Já os frutos do mar, ao contrário do que a gente pode imaginar, dada a abundância de águas salgadas no país, são caríssimos.

Dizem que as tavernas, restaurantes de comida grega tradicional, são os melhores lugares para comer. Não temos muita experiência nesse quesito, mas até que fomos bem alimentados nas tavernas que experimentamos. As padarias e confeitarias merecem atenção especial. Muita atenção. Mesmo. 

A Grécia tem um hábito excelente que a gente deveria importar: café gelado. Pode ser expresso puro, capuccino, café com leite etc. Tem em toda a parte, os gregos bebem o dia inteiro e é muito bom.

Eles também bebem muito ouzo, uma bebida à base de anis, que normalmente se mistura com água ou gelo. Nada excepcional. A cerveja Mythos é razoável. Quanto aos vinhos, não achamos muita graça. Há quem goste do vinho retsina, típico de lá, mas não é o nosso caso. Já o Robola, vinho branco produzido na ilha de Cefalônia, é delicioso. Se encontrarem em Atenas, encham a banheira.

Os gregos

Povo alegre, simpático e muito comunicativo, estranhamente parecido conosco. Todo  mundo fala um pouco de inglês, mas é fácil se entender com eles mesmo quando não falam, porque os gregos são mestres em comunicação não verbal e parece que até adivinham pensamento. O problema é que adoram conversar e gostam de brasileiros, o que pode ser um tanto incômodo para quem é chato. Mas esqueçam as estátuas, os gregos modernos não são bonitos.

Infelizmente, nossos simpáticos gregos tem um hábito péssimo: fumam feitos malucos, e não se importam em fazê-lo nos restaurantes, ao lado dos turistas infelizes que estão comendo. Lá não é proibido fumar em bares e restaurantes.

O porto

Geralmente quem vai a Atenas também vai para as ilhas, e trataremos do assunto nos próximos posts. Chega-se de metrô ao porto principal, o famoso Pireus, de onde partem os barcos para a maioria das ilhas.

Informação

Não é muito fácil encontrar informações turísticas sobre a Grécia na web. Sites em grego não ajudam muito. O blog Uma brasileira na Grécia  e  página Eu amo a Grécia no Facebook são interessantes.

fotos: https://www.flickr.com/photos/jo_ma/sets/72157622620946458/


Um comentário:

  1. Ola! Fiquei muito emocionada ver vc recomendar meu blog no seu post!! Obrigada e 2015 de muitas viagens!! :)

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