Comer é uma das partes boas de viajar, vamos admitir. Em qualquer lugar onde se vá, próximo ou distante, sempre vai ter um sabor novo para provar, um temperinho diferente, um docinho endiabrado que não respeita dietas.
Mas também pode ser uma complicação das boas, porque é algo que se precisa fazer todos os dias, e mais de uma vez. Se a viagem for longa, sai caro, e fora do Brasil, ainda tem as dificuldades no entendimento dos cardápios e hábitos alimentares.
Mas a gente pode se informar antes de viajar, não? Pesquisar, aprender os nomes dos principais pratos do local, até mesmo treinar a pronúncia. Claro, mas não se enganem. Na hora H, quando a gente está tentando descobrir o que comer num restaurante croata lotado, com o garçom gentilmente impaciente esperando seu pedido, diante de um cardápio no qual uma frase inteira no idioma nativo está traduzida por duas palavras em inglês, toda a pesquisa prévia se torna meio inútil. E também tem aquelas banalidades que ninguém lembra de pesquisar. Por exemplo, como saber se a água mineral é com ou sem gás em terras alienígenas? Tivemos algum trabalho para descobrir que, na República Tcheca, com gás é "perliva" e sem gás é "ne perliva". Não é lindo?
Encontrar bons restaurantes também pode ser bem trabalhoso para quem não pretende gastar fortunas comendo nos lugares indicados pelos guias de viagens. Sugestões de amigos e blogs especializados como o 716 La Vie ajudam, mas a questão também é o tempo, além da praticidade. A menos que a motivação de sua viagem seja prioritariamente gastronômica, provavelmente vai comer em locais próximos da zona turística ou do hotel onde estiver hospedado (o que estiver mais à mão na hora da fome). Nem sempre dá tempo de sair procurando aquele restaurante bom e barato que te indicaram, principalmente depois de um dia inteiro de maratona turística.
Nossa singela solução economiza tempo, dinheiro e decepções: comprar comida no supermercado e comer no hotel. Em viagens pela Europa, é o que mais fazemos. Europa, que chique, dizem as amigos. É, dá pra ser chique viajando pela Europa, mas vai sair muito caro. Comer no hotel não é muito charmoso, mas tem seus encantos. Em nossa última viagem, nos hospedamos num hotel em Saint-Rémy de Provence que permitia aos hóspedes fazer suas refeições no seu lindo jardim. Jantamos todos os dias num lugar fresco e agradável, ouvindo o canto das cigarras e tomando vinhos excelentes de 5 euros. Bem melhor do pagar uns 20 euros por pessoa num restaurante apertado, lotado e, provavelmente, de padrão discutível de higiene.
Jardim do hotel Canto Cigalo, em Saint-Rémy |
Nos hotéis mais cheios de estrelas, que têm bar e restaurante, isso geralmente não é possível. Então, o jeito é comer no quarto. Os hotéis nem sempre gostam disso, mas azar deles. Basta ter cuidado para não sujar o quarto e poupar a arrumadeira dos restos da sua refeição, levando o lixo orgânico num saquinho para jogar na lixeira da rua.
Dá para fazer excelentes refeições nesse esquema. Nos supermercados europeus há produtos ótimos, que nem sempre a gente encontra no Brasil, ou até encontra, mas a preços altos. O cardápio pode variar conforme o país, mas nossos itens prediletos básicos são:
- queijos maravilhosos, principalmente na França, Itália e Espanha;
- vinhos, obviamente;
- frios (presunto, salame etc.);
- saladas prontas;
- tabule;
- gazpacho em caixinha (só se tiver geladeira no quarto);
- azeitonas (na Espanha e na Grécia);
- homus, tzatziki e outras pastinhas;
- frutas;
- pão.
Não dá pra comer assim todos os dias, naturalmente. Três dias no hotel e um no restaurante é uma boa média, se o país oferecer boa variedade de comida nos supermercados. A França é um dos melhores. Tudo bem, eles também têm bons restaurantes, mas são caros e você precisa tomar cuidado para não encostar o cotovelo no vizinho.
Opções interessantes são os mercados tradicionais e as feiras de produtos típicos nas cidadezinhas, onde se pode comprar quitutes de pequenos produtores. Às vezes mais caros, mas sempre muito bons.
E passear pelas feiras também pode render uma pequena refeição. É só ir provando um queijinho aqui, outro ali e outro acolá... um pãozinho com azeite, e por sorte existem inúmeros produtores de azeite... azeitonas verdes, pretas, com vários temperos... pedaços de frutas também podem ser degustados em várias barracas... e pode até rolar uma sobremesa. Claro que esse tipo de refeição é aquele que está 'super na moda', o menu degustação.
E passear pelas feiras também pode render uma pequena refeição. É só ir provando um queijinho aqui, outro ali e outro acolá... um pãozinho com azeite, e por sorte existem inúmeros produtores de azeite... azeitonas verdes, pretas, com vários temperos... pedaços de frutas também podem ser degustados em várias barracas... e pode até rolar uma sobremesa. Claro que esse tipo de refeição é aquele que está 'super na moda', o menu degustação.
Temos o hábito de tomar um bom café da manhã sempre que possível. Se a fome aperta no meio de dia, apelamos para os paliativos rápidos típicos do local onde estamos: uma tapioca no Nordeste, um crepe ou tartine na França, batatas fritas na Bélgica, empanadas na Argentina e coisas assim, para não fazer pausas para o almoço. Questão de gosto, claro.
Para garantir o conforto e aumentar as opções de comidinhas a degustar "em casa", é bom carregar na mala alguns itens básicos:
- talheres (faca, garfo e colher);- saca-rolhas e abridor de garrafas (impossível viajar sem);
- guardanapos de papel;
- pratinhos descartáveis;
- sal (sempre esquecemos de levar, mas pode ser bem útil para temperar uns tomatinhos);
- algo para servir de toalha (um pano-de-prato, por exemplo).
Acharam prosaico? Pobre? Claro, somos chatos, não somos chiques!
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