sábado, 17 de janeiro de 2015

Uma passadinha por Bogotá

Como faríamos escala em Bogotá para chegar em San Andrés, decidimos aproveitar para conhecer mais uma capital da América do Sul. As expectativas não eram muitas, mas acabamos por gostar. Passamos lá apenas duas noites e saímos com a impressão de que poderíamos ter ficado mais.

Optamos por nos hospedar no centro da cidade, bem pertinho do que parecia ser o mais interessante da cidade e ao lado do Museu Nacional. Hotel Íbis Museo, prático, limpo e despretensioso. A vizinhança é bastante agradável para turistas, perto do centro histórico, cheia de lojinhas de artesanato e produtos típicos, monumentos, museus, construções antigas e restaurantes.

Artista de rua em Bogotá

Centro histórico
O centro histórico de Bogotá é bastante interessante, abrigando alguns museus (do Ouro, Botero, do Banco da República, da Esmeralda), igrejas e casarões coloniais. Caminhamos, pela Carrera 7, do hotel até a Plaza Bolívar, passando por vários centros de artesanato, alguns bons restaurantes e outros com aparência um tanto duvidosa e comércio em geral, principalmente roupas. Também tinha muitos ambulantes no percurso todo.

Catedral Primada de Colombia
De um lado da Plaza Bolivar se encontra a imponente Catedral Primada de Colombia. Na praça e no calçadão (via peatonal, em espanhol) da Carrera 7 impera a típica muvuca turística com acentuada coloração local, muito divertida. Aos domingos tudo fica lotado de turistas, nativos domingueiros, vendedores de frutas e comidinhas em geral, artistas de rua e proprietários de lhamas alugando os bichinhos para a gente tirar fotos com eles. Bem, talvez sejam guanacos ou alpacas, ainda não entendemos direito a diferença entre essas três espécies peludas, todas bonitinhas. Como não gostamos desse tipo de exploração de animais para diversão humana, preferimos não colaborar.

O bairro da Candelária preserva os casarões com seus típicos balcões, além da igreja com o mesmo nome, o Centro Cultural García Marquez e a biblioteca Luis-Ángel Arango. Não visitamos o Centro Cultural porque não deu tempo, e dispensamos a biblioteca porque já basta passarmos o ano todo em nossas próprias.

No que parece ser um estacionamento, com entrada pela 7 e por uma transversal, ao lado do Museo de Arte Moderno de Bogotá (Mambo) e da Biblioteca Nacional, são montados, aos domingos as barraquinhas do Mercado de Pulgas San Alejo. Grande e muito animado, mas só recomendamos para os fãs incondicionais desse tipo de comércio.





Cerro Monserrate
Bogotá vista do Monserrate
Aparentemente é a grande atração local, aquela que todos guias turísticos, taxistas e moças do hotel recomendam com entusiasmo. Os nativos parecem se orgulhar muito de seu cerro. Como gostamos de lugares altos, lá fomos nós enfrentar uma hora de fila para quase nada. Lá em cima encontramos apenas um santuário católico, com muitas lojas vendendo terços, santinhos e outros artigos de gosto e caráter religioso bastante duvidoso. A arquitetura do local não é particularmente atraente, e mesmo sua beleza simples estava seriamente comprometida por uma decoração natalina à base de enormes laços vermelhos e flores coloridas que prejudicavam as nossas fotos. Nem a vista é tão bonita assim, Bogotá vista de alto não tem muita graça. Apenas uma paisagem urbana desolada e árida.

A subida pode ser feita por funicular ou teleférico. Se ao menos tivessem aquelas cadeirinhas abertas, seria mais divertido e mais refrescante. Pagamos 17 mil pesos (mais de 8 dólares) cada um pelo passeio. Não vale a pena, a menos que você seja um católico devoto do santo cultuado lá em cima.


Os museus
A cidade tem vários. Visitamos o Museu del Oro, o Museu Botero e a Colección de Arte del Banco de la República, todos muito bons. O primeiro tem um riquíssimo e muito bem apresentado acervo de objetos pré-colombianos de ouro: adornos, máscaras, joias, coroas e esculturas de uma beleza quase sobrenatural. Valor do ingresso: 3.000 pesos colombianos (menos de 2 dólares).
Peça do Museo del Oro
Os outros dois tem entrada gratuita e os seus prédios estão bem próximos, quase integrados. O Museu Botero possui, além das obras do mestre das figuras redondas, uma ótima coleção de artistas internacionais, incluindo Picasso, Dali, Miró e Matisse. O prédio é colonial antigo, com belos balcões de madeira e um pátio interno florido. O museu do banco tem um ótimo acervo de arte contemporânea, e exibia uma mostra do argentino Víctor Grippo quando estivemos lá. No mesmo conjunto está o Museu da Casa da Moeda, mas esse nós não vimos (não é lá muito nossa praia).
Museu Botero
Também não conhecemos, porque não deu tempo, o Museu Nacional e o Museu de Arte Moderna de Bogotá (Mambo). Ficam para a próxima.


Comida e bebida
Comemos muito bem em dois locais: a Pasteleria Florida, um café na Carrera 7 com aspecto de lugar tradicional, tão bonito quanto os de Buenos Aires, e o El Bembé, restaurante cubano ao lado do nosso hotel. Na Florida, os destaques são os doces e tortas, mas o tamal, uma espécie de pamonha salgada com recheio de frango e carne de porco, típico de lá, estava muito saboroso, além de barato, e a lasanha vegetariana também não deixou a desejar. No cubano comemos pratos de carne de porco com patacón (banana frita) e moros y cristianos, ou seja, arroz com feijão preparados juntos. O bom e velho baião de dois.


Tamal

Para os destemidos e despojados, a comida de rua em Bogotá é bastante atraente. Vimos mangas verdes cortadas em pétalas, vendidas com sal e outros temperos, saladas de frutas, patacones e arepas apetitosos, umas massas parecidas com panquecas e servidas com geleias e doce de leite, além de diversas comidas salgadas. No domingo, vimos umas mulheres em barracas com aspecto de limpeza, tanto dos utensílios quanto das próprias vendedoras. Mas não somos destemidos nem tão despojados, e preferimos não nos arriscar com micróbios de outros países.

Mangas verdes
O famoso café colombiano é oferecido em diversas formas: o próprio grão ou pó, nas mais diversas embalagens e preços, o grãozinho coberto com chocolate, caramelos e torrones. Trouxemos um pacote de café dito gourmet (afinal, somos paulistas). Gostoso.

A cerveja Club Colombia, em suas versões vermelha e dourada, foi nossa companheira de viagem constante e não decepcionou. Nos mercados encontramos bons vinhos chilenos, mas o preço é meio salgado.  

Vale muito a pena dar uma espiada na seção de frutas dos supermercados. Compramos umas amarelinhas chamada uchuvas, boas demais, tanto in natura quanto na condição de recheio de bombons.


Compras
Além do café e seus derivados, o grande interesse são as esmeraldas. A Colômbia é o país das esmeraldas. Há inúmeras lojas no centro, e o preço deve ser cuidadosa e valentemente pechinchado. Nós nos concentramos nas bijuterias em prata, já que o ouro não é muito do nosso gosto e nem para nosso bico. Um anel com uma esmeralda de tamanho e qualidade razoáveis, montada em prata,  custa de 200 a 500 mil pesos, mas dá para encontrar opções mais baratas, com pedras pequenas ou não muito transparentes. As mulheres que gostam de pedras pequenas em montagens delicadas vão se divertir mais e gastar menos do que as amigas das pedronas. Encontramos os melhores preços em duas galerias ao lado do Museo del Oro, mas não tivemos muito tempo para pesquisar. Fora do circuito turístico talvez as esmeraldas sejam mais acessíveis.


Faltou...
Teríamos ainda gás para visitar alguns outros museus - Museu Nacional, Mambo, Museu da Esmeralda etc. - e conhecer a Zona Rosa, que concentra as lojas, bares e restaurantes mais badalados da capital colombiana. Um passeio que parece ser interessante é a visita à cidade colonial de Zipaquirá (menos de 50 Km de Bogotá), com uma catedral de sal construída no interior das minas. 


sábado, 10 de janeiro de 2015

Fim de ano em San Andrés

Primeira viagem à Colômbia, incluindo San Andrés e alguns dias em Bogotá. A ilha de San Andrés, bem mais perto da Nicarágua que da Colômbia, foi escolhida pela fama de suas belas praias. É Caribe, mas dizem que a parte dos pobres.

Do Brasil é possível ír para San Andrés fazendo escala em Bogotá (LAM/TAM ou Avianca) ou pela cidade do Panamá (Copa). Fomos por Bogotá. No aeroporto é preciso pagar uma taxa de entrada na ilha (US$ 21 ou 47.500 pesos colombianos) - em dólar o pagamento deve ser no valor exato. E atenção, ao deixar a ilha é preciso passar por um guichê no saguão do aeroporto onde te entregam um papel com um carimbo, que deve ser apresentado no aeroporto de Bogotá para liberação de imposto. A Colômbia nos pareceu um tanto burocrática.

Ao escolhermos o hotel que nos acolheria notamos que havia somente resorts caríssimos e pousadas mais simples. Como não gostamos dessas badalações de resorts, optamos pelo simples e barato. Não foi uma boa escolha: na descrição e fotos do booking.com tudo era bonitinho e o quarto continha uma varanda. Mas a realidade se mostrou diferente... A pousada, The Retreat... Homeaway, é bem limpinha, mas nada de varanda. O quarto é espaçoso, mas a janela dá  para uma parede. As toalhas são super boas, mas os lençóis um tanto ásperos e,muita atenção, não tem água quente no chuveiro.. Moral da história: se forem para San Andrés, gastem dinheiro em hotel chique e cruzem os dedos.

Pescadero, praia de pescadores


É uma complicação fazer as contas de conversão de dinheiro na Colômbia, por causa dos muitos zeros. Com um dólar a gente compra pouco mais de 2.000 pesos colombianos, que é o preço da cerveja Club Colômbia  nos mercadinhos. Com cerca de 35.000 pesos paga-se um prato individual num restaurante bom (é possível encontrar restaurantes com preços bem mais baratos, mas nós não encaramos). O comércio aceita dólares, mas a cotação não compensa. Foi mais vantajoso sacar nos caixas eletrônicos do que trocar nas casas de câmbio.

O centro da cidade é meio feioso e bagunçado e o calçadão da orla - uma ruas de pedestres - é simpático, mas nada excepcional. San Andrés tem lojas sem taxas e demos uma espiada, em busca de alguns itens de nosso interesse. Muitas e muitas lojas de roupas, perfumes, eletrônicos, bebidas, artigos de praia e… malas. Bem coisa de turista que gosta de fazer compras.  Bebidas e malas são especialmente mais baratos. . Há muitas lojas de jóias de esmeralda, muito bonitas e com preços viáveis.

Circulando pela ilha
Literalmente… você aluga um ‘carrito de golf’ ou uma ‘mula’ (carrinho para mais pessoas) e percorre mais ou menos 30 Km para circular a ilha.

O carrinho de golfe é um meio de transporte bastante popular entre os turistas. É lerdo e barulhento, mas bem mais fresquinho do que um carro, porque é todo aberto.  Motoristas acostumados com direção hidráulica ou elétrica podem estranhar um pouco e se chover, você se molha. Mas seca num instante.

Uma das vantagens é a simplicidade do negócio: você paga adiantado, o proprietário anota seu nome e o do seu hotel, dá o telefone dele e pronto. O carrinho vem com o tanque cheio e não é preciso abastecer antes de devolver, às seis horas da tarde.


Praias
O mar é muito bonito, como o do Nordeste, mas infelizmente a ilha possui poucas praias de areia - a maioria do litoral é de pedra, e daquelas pontudas. São 3 as praias de areia da ilha: a da cidade, Rocky Cay e San Luis. Nem precisa dizer que todas elas estavam abarrotadas de gente.
Litoral de pedras pontudas

A praia do centro e Rocky Cay são boas, ambas com areia macia e coqueiros. A praia do centro tem como paisagem a ilha Jonnhy Cay e Rocky Cay tem como paisagem uma ilhota e um navio naufragado - a grande atração é ir andando até a tal ilhota, que é mais bonita vista de longe, na verdade. 
Rocky Cay

Sempre escolhemos um trecho sossegado da  praia, preferencialmente com uma sombra e lá ficamos de bobeira, nadando, tomando sol e cerveja. Bastante agradável.


Na ilha
Pode-se visitar os pontos turísticos da ilha alugando o tal  carrinho de golfe ou mesmo de transporte público - as chivas.

Além das praias a ilha oferece:

  • alguns pontos para mergulho: West View e Picinita;
  • La cueva de Morgan: suposto local onde o pirata tenha escondido um tesouro e algumas casas-museus que contam um pouco da história de San Andrés. Não visitamos, só vimos a muvuca na entrada e passamos direto.
  • Casa Museo Isleña: também não visitamos.

Alugamos um carrinho de golfe duas vezes e no primeiro dia demos a volta na ilha em busca das praias de San Luís, recomendadas como sendo as melhores do lugar. Não vimos nada de particularmente interessante e passamos o dia em Rocky Cay.  

West View
Na outra vez que alugamos o carrinho (bem mais caro que 3 dias antes) fomos até West View e Picinita, lugares de mergulhar ou, pelo menos, enfiar a cara na água pra ver os peixinhos. Vale a pena, a água é de um azul transparente e não tem só peixinhos, também tem peixões. Como todo mundo dizia ser imprescindível, compramos snorkel e sapatilhas para entrar na água. Esse último item revelou-se de pouca utilidade, já que não topamos com nenhum fundo particularmente pedregoso. A máscara do snorkel é muito útil, mas não nos entendemos bem com o tubo de respirar.

West View, na verdade, é meio que uma arapuca para turista. Paga-se para entrar (barato) num lugar com um escorregador, trampolim e escadinhas para descer na água, tudo um tanto mal cuidado. Picinita é parecido, mas sem escorregador. Entre os dois, uma grande extensão de praia de pedras pontudas, com água azul e funda. Em alguns pontos há escadinhas para entrar no mar. É bonito, mas se você não souber nadar e só gostar de peixinhos fritos no seu prato, essa não será a sua praia.


Passeios
São oferecidos, exaustivamente, passeios de barco para as ilhotas pertinho de San Andrés, principalmente Johnny Cay e Aquário. Pode-se optar por visitas independentes ou um passeio que inclui os dois pontos turísticos.
Johnny Cay
Contratamos um passeio para Johnny Cay, considerada um dos lugares mais bonitos de San Andrés. Bem, vamos lá, neste blog falamos a verdade, não é mesmo? O mar em Johnny Cay é estupendo, azul piscina transparente com ondas leves. Uma delícia que vale o passeio, mas é só. A ilha é pequena e fica lotada de gente comendo e bebendo em barracas e música em alto volume. É difícil encontrar um lugar para deitar sossegadamente na areia, como gente chata aprecia tanto. O mais engraçado é que a paisagem na praia urbana é mais bonita, porque de lá se avista Johnny Cay, e de Johnny Cay se avistam os prédios da cidade.

A muvuca para pegar os barcos na volta, todos no mesmo horário, é bem irritante, com os guias e barqueiros berrando com todo mundo enquanto o pobre turista espera torrando ao sol. Dica pra quem for fazer esse passeio: tentem escolher um barco pequeno. Os grandes parecem ônibus lotados. Nós contratamos o passeio na agência da cooperativa de barqueiros, mas é possível negociar um barco diretamente com o capitão, como se fosse um táxi, pagando bem mais caro.

Achamos que não valia a pena ir para o Aquário e, também por causa do incômodo meio de transporte, não visitamos  Cayo Bolívar, outro dos passeios recomendados.


Comida
Comemos muito bem em San Andrés, especialmente em um restaurante peruano chamado Perú Wok e no The Islander, um grande e bem decorado restaurante com teto de vime localizado numa das pontas do calçadão.

Há uma casa de sucos ótima, chamada La Cosecha e uma sorveteria com "paletas" de frutas nativas e outras. Tomamos uma de "lulo", com sabor que lembra o do nosso cajá. Muito bom, tinha pedacinhos de lulo e tudo. O granizado de café também é muito bom e refrescante.

Em San Andrés não funciona bem aquele truque de comprar comida e comer no hotel para economizar um pouco, os supermercados são bem ruinzinhos. Compramos ‘arepas’ para nosso café da manhã, uma mistura de panqueca e tapioca, feita de milho. É bom, dá para misturar com doces e salgados.


Enfim...
San Andrés tem belezas naturais, mas não é um lugar bonitinho. Pobreza, sujeira, barracos e construções mal cuidadas é o que se vê, com exceção do trecho da orla e imediações, onde estão as lojas e hotéis aparentemente bons. Talvez a ilha seja um daqueles lugares bons para quem fica em resorts e deles não arreda o pé, o que não é nosso estilo.

Valeu a pena ir para San Andrés? Bem, pegamos praia, descansamos e nos divertimos, o que era nosso objetivo central. Recomendamos? Bem, se você quiser muito conhecer o Caribe e não tiver grana para destinos mais chiques, vá. Se você estiver querendo muito pegar praia num lugar de tempo bom e o Nordeste estiver muito caro, vá também.

domingo, 14 de dezembro de 2014

A terra treme em Cefalônia

Cefalônia é maior das ilhas jônicas da Grécia. A pronúncia é Kefalônia, mas você pode falar de qualquer jeito porque grego entende qualquer coisa e adivinha pensamento.

De Atenas dá para chegar lá de ônibus, barco ou avião. Por conveniência de horário optamos por esse último, mas por avião , no caso, entenda-se mais ou menos 1 hora de voo numa coisa pequena, estreita e com hélices. Se a ideia não te parece muito sedutora, tente a as outras opções. O blog Uma brasileira na Grécia traz algumas informações sobre transporte para as ilhas.

E sim, a terra treme. Cefalônia já sofreu vários terremotos, e por isso não tem grande patrimônio arquitetônico. Depois do último grande tremor, na década de 1950, quase tudo teve que ser reconstruído. Acordamos, certa manhã, com o quarto do hotel chacoalhando mais do que avião em zona de turbulência. Bem mais, na verdade. Mas foi muito rápido. Aparentemente esses tremores são comuns e só assustam os turistas, os nativos não estão nem aí.

Ficamos hospedados em Argostoli, a capital da ilha,uma cidade pequena e agradável, bastante tranquila para um local turístico. Na orla e na rua paralela, que à noite tem um trecho interditado para carros e vira local de passeio,  há muitos restaurantes, bares e lojinhas. 



Come-se bem em Cefalônia e não se paga muito caro, mas o tempero grego pode ser algo enjoativo depois de alguns dias. Comemos numa taverna que nos serviu um tzatziki tão valentemente temperado com alho que nossos estômagos de turista se ressentiram um pouco. Mas não tem problema, como a ilha já foi possessão de Veneza, há muitos restaurantes italianos à disposição.

Um grande destaque no quesito alimentação, por assim dizer, é o ótimo vinho Robola, produzido na ilha. Não fomos até as vinícolas, mas dizem que é um passeio interessante. Na orla há uma loja onde se pode provar duas ou três variedades e os supermercados da cidade também vendem. Os preços são razoáveis e nem é necessário investir no modelo mais caro, porque o mais barato já é bom demais.

As opções de hospedagem no local são duas: as muito simples e as que não podemos pagar, o que simplifica um pouco a escolha. Escolhemos o Panorama Fanari Studios & Apartments e não nos arrependemos.  O local é simples, só tem arrumação do quarto e troca de toalhas a cada dois ou três dias, mas é bastante limpo e confortável. Os quartos têm varanda com vista para o mar.

 

O pessoal é muito gentil e prestativo. Assim que chegamos já tivemos uma verdadeira aula sobre o turismo na ilha, num inglês trôpego, com sotaque italiano e cheio de palavras em alemão, mas compreensível. Alugamos um carro com os donos do hotel e fomos buscados e devolvidos no aeroporto. Muito conveniente. 

Ficamos cinco dias inteiros em Cefalônia, não conseguimos ver tudo e deu vontade ficar mais um pouco.



Praias
Cefalônia tem praias fantásticas: mar absurdamente azul, às vezes transparente, às vezes leitoso, e pedras brancas e redondas no lugar onde deveria estar a areia. Um tanto incômodo para andar, mas colabora muito para a beleza do mar.



Antisamos, Myrtos e Petani são as mais bonitas que encontramos na ilha. As duas primeiras são de fácil acesso e mais próximas de Argostoli. Antissamos é mais agitada e tem bares e restaurantes, enquanto Myrthos é praticamente deserta e tem uma pequena caverna, perto da qual às vezes despenca uma chuva de pedras do alto do morro. Aí a gente se lembra que a terra treme em Cefalônia e cai fora da caverna.
Myrtos

Antisamos

Para chegar a Petani nos perdemos muitas vezes em estradinhas desertas de montanha onde mais difícil do que achar o caminho era achar um grego para pedir informações no horário da sesta. Eles levam a sério a instituição da sesta em Cefalônia, sobretudo nas pequenas vilas. Vejam a foto e concluam se vale a pena.

Petani

O moço do hotel também nos recomendou Xi, uma das poucas praias de areia da ilha. Não gostamos, porque o que eles chamam de areia não é aquela coisa branquinha e solta que a gente conhece, é praticamente uma terra de cor avermelhada. A paisagem é interessante, dunas cinzentas e "areia" vermelha, como se a natureza tivesse feito uma experiência e depois decidido que areia branca e dunas vermelhas, como em Tambaba, fica mais bonito.

Xi

Já Agia Efêmia, também recomendada pelo mesmo moço, é agradável. Uma praia pequena e tranquila, valorizada por uma área de descanso arborizada, com espreguiçadeiras e tudo o mais. Bastante frequentada pelos nativos.

Agia Efemia

Cavernas
A famosa Melissani guarda em seu interior um lago muito azul, iluminado por uma grande abertura no alto. É um lugar belíssimo, mas não espere grandes aventuras cavernosas. Você paga o ingresso de 13 euros, entra na caverna por um corredor e sai no ancoradouro do lago. Aí você já embarca num barquinho e dá uma volta de uns trinta minutos pela caverna, ouvindo as explicações e piadas do barqueiro. Não é permitido nadar, só navegar.

Melissani


Há outras cavernas na ilha, mas não chegamos a vê-las. Pensamos que uma caverna por viagem é uma boa conta.

Assos e Fiskardo
Duas vilas nos foram recomendas pelos caras do hotel. Bonitinha e bastante florida, Assos não é muito distante de Argostoli, mas a viagem por estradinhas de montanha sinuosas e mal conservadas acaba demorando. As praias não são grande coisa, mas a paisagem vale a pena.
Assos
Estrada de Cefalônia


Não fomos para Fiskardo, ao norte da ilha, e lamentamos, porque é o único lugar em Cefalônia onde há construções antigas que escaparam ao último grande terremoto.


Zakynthos
É uma outra ilha, próxima de Cefalônia. Fizemos um passeio de barco para lá, passando pelas Blues Caves, um conjunto de cavernas marítimas nas encostas da ilha e pela Navagio Beach (Praia do Naufrágio), com direito a banhos no mar azul e transparente nos dois locais. Em Navagio a grande atração é um navio que naufragou, deu nome à praia e continua por lá, enferrujando na areia. Fizemos o passeio num barco grande, que não passou sob as cavernas. De Zakynthos saem barcos pequenos que ficam passeando dentro das cavernas, o que talvez seja mais interessante.

Blue Caves

Navagio

A indefectível parada para o almoço foi na capital, com mesmo nome da ilha. Não é muito interessante, mas dá para tomar um banho de mar. Não gostamos de almoçar nesses passeios, perde-se tempo e geralmente paga-se caro. Gostaríamos de fazer uma campanha para suprimir os almoços nos passeios, mas parece que todo mundo adora almoçar e os donos de restaurantes precisam ganhar seu dinheirinho.

O povo
Em Cefalônia os nativos são ainda mais simpáticos do que o pessoal de Atenas. Como vão poucos brasileiros para lá e gregos parecem gostar de nós, eles adoram bater papo e fazer perguntas. É divertido, mas também pode não ser muito, dependendo do seu grau de apreço pela humanidade.

Mais fotos nossas: https://www.flickr.com/photos/jo_ma/sets/72157646563661175/






quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Atenas

Já visitamos Atenas três vezes,  prova que não somos tão chatos quanto nós mesmos dizemos. A cidade não tem nada de exótico ou romântico, pelo contrário: é grande, bagunçada e sujinha, quase uma São Paulo com Acrópole. Aquele tipo de cidade onde o turista não perderá nada se não se afastar dos pontos estritamente turísticos. E nem vai precisar, porque só as atrações mais óbvias já são distração suficiente para uma semana na cidade.

É legal se hospedar em local próximo à Acrópole, região com alta concentração de sítios arqueológicos, bares, restaurantes e comércio de bugigangas. Na última viagem, em julho de 2014, ficamos no Hotel Katerina, simples, arrumadinho, com bom café da manhã e a graça adicional da recepção decorada com um gramofone e uma jukebox. Não é tão perto da Acrópole (20 minutos andando) mas tem uma estação de metrô bem próxima. O hotel Economy também é legal e fica mais perto da Acrópole.

O transporte do aeroporto para centro da cidade é fácil, pegar o metrô ou um ônibus que vai até a Praça Sintagma.

Atenas requer uns cinco dias de visita para ser bem aproveitada. Não sendo possível, três dias inteiros bastam para ver o mais importante.


Acrópole e arredores

Um sonho pra quem gosta de coisas gregas e lia mitologia quando criança. Passear em volta do Partenon e do Erecteu, sentar nos mesmos bancos de pedra do teatro onde Péricles pousou sua bundinha são programas inesquecíveis. Mas é só passear em volta mesmo, não se pode entrar nos templos. E não vale se decepcionar se encontrar um guindaste dentro do Partenon, que parece estar eternamente em obras. Apenas abstraia.


O calor lá em cima atinge proporções épicas e quase não há sombra, portanto vá de chapéu ou boné e leve água. Não deixe para comprar esse último item na entrada do sítio, os preços são abusivos. Lá dentro tem umas máquinas que vendem água a bons preços, mas nem sempre funcionam. No verão procure ir no final da tarde, menos quente e com luz melhor para fotografar. A coisa fecha às 20 horas e o passeio leva de duas a três horas, dependendo da disposição do indivíduo.

Da Acrópole se tem uma boa vista da cidade, mas não é uma paisagem bonita. Atenas vista de cima não é grande coisa, e a poluição não contribui para melhorar o cenário.

Os jardins ao redor são bastante agradáveis, rendem boas fotos da Acrópole vista de baixo e são de acesso gratuito, assim como o Areópago, uma colina pedregosa onde aconteciam os julgamentos na Atenas da Antiguidade. Estivemos lá num domingo e encontramos uma verdadeira festa, com os modernos atenienses fazendo picnic, dançando e convidando os turistas a entrarem na farra.






Lá por perto estão o Ágora antigo, o Ágora romano  e o Stoá de Atalos, um edifício da época helenística reconstruído na década de 1950 que hoje abriga um pequeno museu, de entrada gratuita. Perto do Ágora romano está a Biblioteca de Adriano, mas não esperem ver livros nem bibliotecários. Existem apenas algumas colunas e outros vestígios do edifício doado pelo imperador romano.

Museus

Os absolutamente indispensáveis são o Museu Arqueológico Nacional e o Museu da Acrópole, um prédio moderno e arrojado próximo ao sítio. O ingresso é separado, mas nem pense em economizar porque o acervo é belíssimo e as cariátides originais do Erecteu estão lá. Se você for do tipo que só consegue curtir um museu olhando as fotos que fez, prepara-se para sofrer um pouco, porque lá não pode fotografar. Mas no Museu Arqueológico pode, ou podia quando estivemos lá pela última vez. É um museu velhão, desses que tem algumas salas superlotadas de objetos, sem a elegância museológica do Museu da Acrópole, mas vale totalmente a pena. Até quem não gosta particularmente de museus corre o risco de se apaixonar por uma daquelas estátuas e querer ficar morando lá. Mas eles não deixam.

Já o Museu de Arte Cicládica é relativamente pequeno, mas muito bem montado e instalado num prédio antigo bastante charmoso. Vale a visita para quem gosta bastante de museus e pode ser fotografado.

O Museu Benaki é famoso e parece interessante, mas estes chatos ainda não foram. 

No Cemitério de Ceramicos também há um pequeno museu, mas o melhor mesmo é o próprio cemitério, com seus túmulos da Antiguidade cheios de esculturas (algumas são réplicas modernas) e o Dromos, caminho que levava à Academia Platônica. Um passeio interessante e tórrido, para quem for no verão ateniense de 40 graus.



Templo de Zeus Olímpico

Sobrou muito pouco do imenso templo, mas tem umas colunas lá, algumas em pé, outras deitadas, todas bastante bonitas.


Monte Lycabettus

Um dos pontos turísticos da cidade recomendados em todos os guias. Funciona assim: você sobe, sobe, sobe, até um funicular. Aí você chega no alto e aprecia a discutível vista de Atenas. Quase não há sombra, a menos que o pobre turista se arrisque nos dois cafés disponíveis lá naquelas alturas. Nem tentamos, esses lugares costumam ser caros e ruins. O cansativo passeio só serve para fazer uma foto da Acrópole vista de cima, mas se não usar um editor de imagens para tirar a névoa nem isso vai ter graça. Só vá se não tiver mais nada para fazer.


Plaka

Provavelmente o bairro mais turístico da cidade, pertinho da Acrópole. Um labirinto de ruazinhas cheias de bares, restaurantes e lojas de lembrancinhas, todas iguais. Sabonetes, doces típicos, cosméticos à base de azeite, estatuetas de todos os deuses e heróis mitológicos, de todos os tamanhos e materiais. Eventualmente a gente encontra uma loja mais elegante vendendo supostas réplicas de peças de museus a preços salgados e algumas lojas de bijuteria de boa qualidade. No mais, pura quinquilharia e diversão. Os comerciantes falam todas as línguas do mundo, português incluído, logo é bom tomar cuidado com o que se fala.

Comida e bebida

Saborosa e condimentada, não muito cara mas pouco variada. Nos restaurantes mais acessíveis os pratos não mudam  muito: moussaka, tomates e pimentões recheados, salada grega com tomate, pepino e queijo feta, tzatsiki, uma pastinha feita de iogurte e pepino que pode ser fatal quando eles exageram no alho, souvlaki (espetinhos de carne) e, naturalmente, o popular gyros, conhecido entre nós como churrasco grego. Sim, na Grécia a gente pode comer churrasco grego sem medo, tanto no prato quanto no pão pita, com batata frita e tzatsiki.  

A forma de preparo da moussaka, prato composto basicamente por berinjela e carne, às vezes também batata, muda muito conforme o restaurante. Vai de muito boa a quase sem graça.  

Já os frutos do mar, ao contrário do que a gente pode imaginar, dada a abundância de águas salgadas no país, são caríssimos.

Dizem que as tavernas, restaurantes de comida grega tradicional, são os melhores lugares para comer. Não temos muita experiência nesse quesito, mas até que fomos bem alimentados nas tavernas que experimentamos. As padarias e confeitarias merecem atenção especial. Muita atenção. Mesmo. 

A Grécia tem um hábito excelente que a gente deveria importar: café gelado. Pode ser expresso puro, capuccino, café com leite etc. Tem em toda a parte, os gregos bebem o dia inteiro e é muito bom.

Eles também bebem muito ouzo, uma bebida à base de anis, que normalmente se mistura com água ou gelo. Nada excepcional. A cerveja Mythos é razoável. Quanto aos vinhos, não achamos muita graça. Há quem goste do vinho retsina, típico de lá, mas não é o nosso caso. Já o Robola, vinho branco produzido na ilha de Cefalônia, é delicioso. Se encontrarem em Atenas, encham a banheira.

Os gregos

Povo alegre, simpático e muito comunicativo, estranhamente parecido conosco. Todo  mundo fala um pouco de inglês, mas é fácil se entender com eles mesmo quando não falam, porque os gregos são mestres em comunicação não verbal e parece que até adivinham pensamento. O problema é que adoram conversar e gostam de brasileiros, o que pode ser um tanto incômodo para quem é chato. Mas esqueçam as estátuas, os gregos modernos não são bonitos.

Infelizmente, nossos simpáticos gregos tem um hábito péssimo: fumam feitos malucos, e não se importam em fazê-lo nos restaurantes, ao lado dos turistas infelizes que estão comendo. Lá não é proibido fumar em bares e restaurantes.

O porto

Geralmente quem vai a Atenas também vai para as ilhas, e trataremos do assunto nos próximos posts. Chega-se de metrô ao porto principal, o famoso Pireus, de onde partem os barcos para a maioria das ilhas.

Informação

Não é muito fácil encontrar informações turísticas sobre a Grécia na web. Sites em grego não ajudam muito. O blog Uma brasileira na Grécia  e  página Eu amo a Grécia no Facebook são interessantes.

fotos: https://www.flickr.com/photos/jo_ma/sets/72157622620946458/