Todo mundo já deve ter visto o texto de uma blogueira dando dicas para viajar só com bagagem de mão, ou seja, aquela mala pequena que pode ir com a gente na cabine. O post é de 2013 e continua circulando bastante, logo, parece estar agradando. Ninguém pediu nossa opinião mas, como somos chatos, precisamos apontar alguns probleminhas
O primeiro, naturalmente, é o custo dos conselhos da autora, uma pessoa que compra malas de bordo da Rimowa, necessaire da L'Occitane e sacolas Longchamp. Comprar uma mala leve é uma boa ideia, mas pagar a bagatela de 1.800 reais numa malinha para "viajar leve" não é para qualquer um.
Viajar com pouca bagagem não é tão difícil quando se vai para lugares quentes. Roupas e calçados de verão são menores e mais leves, lavar uma regata na pia é bem mais fácil do que uma camiseta de manga comprida. Roupas e acessórios para inverno de verdade são bem mais complicadas. Precisamos de agasalhos, luvas, botas, e meias, muitas meias. A autora parece que não carrega meias em sua pequenina bagagem.
Sapatos são um caso sério. É possível viajar com um par nos pés e dois na bagagem, mas esses dois vão ocupar um espaço considerável. A blogueira sugere levar 3 ou 4 calçados, o que, dependendo do local para onde se vá e do quanto se pretende andar, não é exagero. Andar muitos dias com o mesmo calçado (mesmo confortável), sem opção de troca, pode machucar os pés. Mas achamos bastante difícil enfiar 4 pares de calçados numa malinha de cabine e ainda sobrar espaço para as roupas e ... as meias. Ou as malas Rimowa são mágicas como a bolsa da Mary Poppins ou ela carrega os sapatos pendurados fora da malinha, como os mochileiros. Vá saber...
Para viagens de verão ou lugares quentes, nossa sugestão é levar Crocs. Não são exatamente calçados elegantes, mas são confortáveis, leves e laváveis. Pés calçados com Crocs podem pisar na água para se refrescar à vontade, secam rapidinho. Já quem viaja no inverno, principalmente para o frio europeu, vai precisar de botas ou calçados de solado grosso. Tênis comuns não protegem os pés do chão gelado da Europa no inverno.
Quanto a lavar roupas durante a viagem, é preciso considerar alguns detalhes. Você vai ter tempo de encontrar uma lavanderia durante a viagem e gastar umas duas horas para lavar e secar roupas? Apostar nos serviços de lavanderia dos hotéis não é muito prudente, porque os hotéis mais simples geralmente não oferecem o serviço e nem sempre a entrega da roupa é no dia seguinte, o que pode complicar sua vida se a estada for curta; a qualidade do serviço pode deixar a desejar e o preço é alto. Lavar você mesmo na pia do hotel é ótimo, se o quarto oferecer boas condições de secagem.
Os produtos de higiene pessoal são um desafio até para os mais desencanados viajantes. Mesmo que você leve tudo em embalagens pequenas e abra mão dos seus pequenos luxos cosméticos habituais, como o xampu indicado pelo dermatologista, a necessaire pode acabar bem gorda. Pasta e escova de dentes, fio dental, medicamentos indispensáveis, aparelhinhos de barbear, absorventes higiênicos, alguns itens de maquiagem, manteiga de cacau para encarar lugares frios, tudo isso acaba ocupando um bom espaço. E aí se apresentam os pequenos dilemas:
1. Levo xampu, condicionador e sabonete ou uso os do hotel? Se o hotel oferecer as tais "amenidades de banho", um dos nomes mais afrescalhados que já inventaram para o sabão, ótimo. Fiquem com os do hotel, mas verifiquem antes quais produtos são oferecidos.
2. Não é melhor comprar no local? Depende do local e das suas especificações. Alguns produtos podem ser mais caros ou mais baratos em outros países (depende do produto e do país), e você pode ter dificuldades para escolher produtos em outros idiomas. Comprar xampu na Croácia não é muito fácil, creiam. O que se vai passar na mesma localidade é outro fator a ser considerado. Quando a gente vai passar dois ou três dias em cada cidade, por exemplo, não vale a pena comprar produtos locais, porque vamos ter que carregá-los do mesmo jeito.
Importante: quem pretende viajar para o exterior apenas com bagagem de bordo precisa verificar os limites de líquidos e cremes podem ir na cabine, para não correr o risco de deixar seu creme de mãos da l'Occitane na lixeira do aeroporto.
Algumas dicas sobre malas
Não adianta investir uma fortuna numa mala. Todas quebram e deixam você na mão no pior momento. Preferimos os modelos duros, que protegem mais a bagagem e sujam menos, com fechos que não correm, para evitar o golpe da cesariana.
Outra opção interessante é o lacre de mala da Sealbag. Nada disso evita que a mala seja aberta, mas se isso acontecer a gente percebe.
Capas ajudam a manter as malas limpas, colaboram um pouquinho na segurança e facilitam a identificação da sua bagagem no mar de coleguinhas muito parecidas que deságuam na esteira. Temos duas capas bem espalhafatosas, uma delas com uma impagável estampa de gato de óculos, que provocam muita hilaridade nos aeroportos.
Filme plástico para embrulhar frascos contendo líquidos ajuda a evitar vazamentos desastrosos. Também pode ser usado para proteger a própria mala sem pagar uma fortuna por aqueles serviços que embrulham bagagens nos aeroportos.
Levar ao menos uma muda de roupa na bagagem de mão, se viajar só, ou colocar algumas peças na mala do companheiro de viagem, se viajar em dupla, é uma ideia que facilita a vida em caso de extravio de bagagens. Assim, o pobre viajante sem mala pode ao menos trocar a roupa íntima e a camiseta antes de sair para comprar roupas.
Organizadores de malas são bolsas de tecido leve e resistente, com zíper, para empacotar as roupas antes de colocá-las nas malas. Economizam espaço ao compactar bem as roupas, evitam que a mala fique toda bagunçada ao ser jogada de um lado para o outro e facilitam a localização das peças. Uma excelente invenção.
Mas, afinal...
É possível viajar por uns 30 dias só com bagagem de mão? Deve ser. Se um dia formos capazes dessa façanha, explicaremos como se faz.
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