sábado, 13 de agosto de 2016

Astúrias



O principado de Astúrias é uma região do norte da Espanha, boa para se conhecer no verão, devido ao seu clima fresco e úmido. Passamos uns dias por lá no mês de julho e deu até para sentir um friozinho rápido. Astúrias tem montanhas, muito verde e, ótima surpresa, praias maravilhosas até para os padrões de brasileiros chatos como nosotros.

Ficamos em Oviedo, a tranquila e agradável capital da província. Woody Allen filmou lá Vick Cristina Barcelona e ganhou uma estátua como prêmio pela divulgação. Mas também tem a estátua do Rufo, um cachorro que foi mascote da cidade, bem mais charmoso do que o cineasta, e dezenas de outras esculturas espalhadas pelas ruas e pontos turísticos. Não há muito o que fazer em Oviedo, mas a cidade é uma ótima base para alugar um carro e sair para conhecer a região.




La maternidade, de Fernando Botero

Há diversos monumentos pré-românicos bem conservados. Os mais interessantes são as duas igrejas do Monte Naranco, tanto pelos monumentos quanto pela paisagem. É fácil chegar lá. O estacionamento é grande e gratuito, para que for de carro. Também dá para pegar um ônibus no centro da cidade ou mesmo caminhar, estando lá por perto.

Santa Maria del Naranco

San Miguel de Lillo

No centro histórico há uma imponente catedral gótica, com vários outros edifícios antigos ao redor. Em frente à catedral está a estátua  La regenta, uma dama muito graciosa com quem todos querem fazer uma foto, para aborrecimento dos chatos que preferem fotografar a escultura com a igreja e mais ninguém.


A Calle Gascona, ou Bulevar de la Sidra, é o local para provar a bebida típica das Astúrias, leve e com baixo teor alcoólico. Mas a graça da bebida está, principalmente, na forma como é servida: a sidra tem que ser despejada no copo do freguês de uma altura de mais ou menos um metro, para formar o gás que lhe dá o sabor correto. Servem-se apenas dois dedinhos, para que se possa tomar tudo de uma vez, se não o gás desaparece, e sem respirar, se não a gente espirra muito. Aí o garçom dá um tempinho e vem servir mais uma dose. Como a tradição manda que ele despeje a bebida no copo sem olhar, é claro que o chão vai beber um pouco da sua sidra. Mas a bebida custa só 2 euros a garrafa, então dá para pedir outra.


As sidrerías do bulevar servem menus turísticos compostos por dois pratos, bebida e sobremesa. A fabada, uma espécie de cozido feito com fava e embutidos, prato típico da região, está presente em quase todos os menus. Dá para comer bem gastando 15 euros por cabeça ou comer mal gastando 10 (fizemos as duas coisas). O interessante é que, se a gente escolhe vinho, vem uma garrafa inteira, não apenas um copo para cada um! No mais, não deixem de provar o chocolate artesanal que é vendido nas lojas de produtos típicos do centro histórico e o queijo cabrales, delícias asturianas.

Fabada



Perdido em Oviedo? Sem problemas, basta parar numa esquina rodando um mapa nas mãos que logo vem um velhinho explicar tudo pra você e bater um papinho. Muito útil, o "serviço de velhinhos" de Oviedo. Mas só funciona se você estiver à pé, de carro a gente fica perdido por muito tempo.


Llanes

A pequena cidade à beira-mar, ponto de partida para inúmeras praias, está a mais ou menos 100 Km de Oviedo. As principais atrações são o centro histórico e o porto que, além da beleza do mar Cantábrico, tem os Cubos de la Memória, obra do artista Agustín Ibarrola, que pintou os blocos de concreto usados para contenção da maré em cores e desenhos variados, transfigurando a paisagem do local.


Llanes é uma boa  opção de hospedagem para quem quiser conhecer as praias e não se importar de pagar diárias mais caras do que as de Oviedo.


Praias

O litoral asturiano, bastante recortado, tem mar azul e frio, muitas rochas, penhascos e praias surpreendentemente bonitas. Conhecemos apenas cinco, falta de tempo.

Poo (Llanes). Pequena e tranquila praia de areia, cheia de famílias e crianças. De um lado, o mar, de outro, um rio. Bois e vacas passeando pelos morros.


Torimbia (Llanes). Espetacular praia de areia onde só se chega à pé, por uma trilha de 1 quilômetro. É caminho de terra batida, sem qualquer dificuldade, mas mesmo se houvesse alguma, valeria a pena. Tem a graça adicional de ser praia de nudismo não oficial, ou seja, você pode tirar a roupa ou ficar com ela, sem qualquer problema. É nossa praia predileta nas Astúrias, por enquanto.



Praia do Silencio (Cudillero). Considerada uma praia escondida, não é, entretanto, de acesso difícil. É só largar o carro no povoado e seguir à pé por uma estradinha, apreciando a paisagem cada vez mais bonita. A praia é quase deserta e não há bares por lá. A parte ruim é que é uma praia de pedregulhos, não de areia. Por isso, é interessante usar aqueles calçados próprios para esse tipo de praia, mais confortáveis do que chinelos.


Barro e Troenzo (Llanes): duas praias de areia praticamente juntas, dá pra ir de uma a outra pela beira da água. Cheias de gente, mas não têm nada de excepcional. Se você estiver dirigindo há horas e precisando de um banheiro, lá tem.




Parque Nacional dos Picos de Europa


Para conhecer um pouco desse parque, fomos até Cangas de Onís, a 75 Km de Oviedo.  A cidade é um bom ponto de partida para fazer trilhas pelo parque, mas nós apenas visitamos a ponte romana e seguimos para os Lagos de Covadonga, a mais de 1.000 metros de altitude. De acordo com o site oficial da atração, a estrada de 12 km que sobe para os lagos tem restrições de acesso no verão, abrindo apenas para ônibus e táxis locais, mas no posto de informações turísticas de Cangas nos disseram que esse esquema só começaria no dia seguinte.



Ao chegar no acesso para os lagos, descobrimos que a estradinha estava fechada, até para os ônibus, porque já havia muita gente lá em cima. Teríamos que esperar pela reabertura, que aconteceria por volta das 15 horas. Se as pessoas que já estavam nos lagos resolvessem descer, claro. Mas, como já passava das 13 horas e era nosso último dia nas Astúrias, decidimos arriscar. Ficamos por lá, passeando pelo Santuário de Covadonga até o horário previsto, quando o acesso efetivamente reabriu.

Santuário de Covadonga

A estradinha é sinuosa e cheia de bovinos que se plantam no meio dela sem a menor cerimônia. Um pouco assustadora para quem tem medo de altura, mas bem conservada e segura. Chegando lá em cima encontramos os lagos Enol e Ercina. A paisagem é belíssima, particularmente do ponto do qual se avistam os dois lagos: montanhas, lagos, gramados verdinhos com bois e vacas pastando. O grande contingente bovino traz alguns problemas para o turista, que precisa prestar bastante atenção onde pisa. Os lagos são apenas para olhar, não é permitido entrar neles, mas como lá em cima é friozinho, mesmo no verão, não dá mesmo vontade.




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