Um chato
só consegue preservar sua
chatice no Nordeste brasileiro até provar a comida ou botar os
olhos sobre uma praia.
A comilança nordestina começa no café da manhã com tapioca, cuscuz, cuscuz
de tapioca, curau, pamonha, bolo de rolo, banana cozida ou frita, sucos de
frutas da terra e o que mais vier. Dá até raiva de ver gente comendo salsicha com molho de tomate. E
continua ainda melhor nas outras refeições. As praias tem mar
verdinho, areia branca, coqueiros e, com sorte, falésias coloridas. E o sol é praticamente uma certeza, todos os dias. O único defeito das praias
nordestinas, para o gosto destes chatos, é o que muita gente considera
sua maior qualidade: a temperatura morna da água
do mar. Esses chatos preferem água fria, como não poderia deixar de ser.
João Pessoa não é um destino turístico tão badalado como Natal, Fortaleza e Maceió, mas poderia perfeitamente ser, porque tem as coisas boas
do Nordeste em tamanho concentrado, sem tanta agitação e mais barato. A cidade é
relativamente pequena e fácil de conhecer, com uma orla bem cuidada e praias urbanas ainda limpas. As melhores praias, ao Sul, já no município de Conde, ficam a uns 30
km de João Pessoa. De carro chega-se fácil, por estradas razoáveis, o que elimina a
necessidade de contratar aqueles irritantes passeios com guias, atrasos e
pausas para almoço em lugares discutíveis.
Estivemos
em João Pessoa há uns 10 anos, mais ou menos, simpatizamos
e decidimos voltar. Não nos arrependemos.
Centro histórico
Fica meio longe da orla e, talvez por isso, não muito explorado pelos locais e pelos turistas. Tivemos sorte de sermos conduzidos pelos principais pontos de interesse do centro por uma amiga local.
Belos edifícios antigos - alguns bem conservados e outros nem tanto. A igreja de São Francisco é mais bonita e por ali perto tem a Basílica da cidade, a Igreja do Carmo e o Mosteiro de São Bento. Outros bonitos edifícios são a atual sede da prefeitura (antigos Correios) e o Teatro Santa Roza.
Igreja de São Francisco |
Praias
Alugamos um carrinho do modelo mais barato e partimos rumo ao Sul. No primeiro dia a intenção era chegar em Coqueirinho. Aportamos numa praia bonita, com coqueiros e bastante sossegada, andamos feito uns malucos de um lado para o outro como sempre fazemos e à noite descobrimos que não chegamos em Coqueirinho, mas em Carapibus. Tudo bem, andamos tanto que passamos por Tabatinga e chegamos ao início de Coqueirinho, para onde fomos no dia seguinte. São todas ótimas praias, mas Coqueirinho é um daqueles lugares onde é difícil chegar de carro: tem uma ladeira de terra batida bastante íngreme, estacionamentos lotados e trânsito meio infernal.
Alugamos um carrinho do modelo mais barato e partimos rumo ao Sul. No primeiro dia a intenção era chegar em Coqueirinho. Aportamos numa praia bonita, com coqueiros e bastante sossegada, andamos feito uns malucos de um lado para o outro como sempre fazemos e à noite descobrimos que não chegamos em Coqueirinho, mas em Carapibus. Tudo bem, andamos tanto que passamos por Tabatinga e chegamos ao início de Coqueirinho, para onde fomos no dia seguinte. São todas ótimas praias, mas Coqueirinho é um daqueles lugares onde é difícil chegar de carro: tem uma ladeira de terra batida bastante íngreme, estacionamentos lotados e trânsito meio infernal.
Coqueirinho
pode ser a melhor opção para quem acha que praia é sinônimo de boteco. A zona
botequeira de lá é forte, e ainda tem um restaurante famoso que fica no meio
de uma espécie de cânion. Não fomos nem no restaurante nem
nos botecos, gostamos de sossego e não temos o hábito de comer na praia porque achamos meio nojento. Preferimos andar novamente feito uns malucos
pra longe da muvuca, passando por falésias que parecem paisagem de
outro planeta até chegar na divisa de Tambaba.
Para nosso gosto, Carapibus e Tabatinga são mais interessantes, porque são mais fáceis de chegar e mais
sossegadas. Há diversos pontos pouco
concorridos para estacionar, poucos
bares e a paisagem é igualmente bonita.
Tambaba é um caso especial. A praia é dividida em duas partes, uma aberta ao público de roupa em geral, outra dedicada ao naturismo, ou seja, é uma praia de nudismo oficial e regulamentada. Na parte naturista só se pode entrar sem roupas - mas boné e chinelo pode - e não são permitidas fotos ou filmagens. Dessa vez resolvemos ficar na parte vestida, mas já fomos à Tambaba naturista e recomendamos muito. Não, não dá vergonha. Por que ter vergonha se está todo mundo sem roupa? E estar gordo(a) ou ser velho(a) também não é problema, porque ninguém vai lá para se exibir e muito menos para olhar os outros. As pessoas só querem ficar em contato com a natureza sem roupas. Na verdade, as pessoas numa praia de nudismo olham muito menos as outras do que nas praias "normais", vá tranquilo(a). Mas se você definitivamente não pretende tirar o maiô, fique na parte vestida de Tambaba, que é igualmente bonita e quase deserta. Tem uns botequinhos na entrada, e só. Tem que pegar uma trilha de fácil acesso e começar o passeio visitando pequenas praias meio escondidas entre a vegetação e as pedras. Depois de umas três ou quatro prainhas, chega-se à praia de falésias coloridas, uma paisagem espetacular.
Tambaba |
Um dos programas turísticos mais conhecidos na cidade é o pôr do sol no Jacaré ao som do Bolero de Ravel interpretado ao saxofone por um músico local. Jacaré é uma praia fluvial localizada em Cabedelo, cidade portuária que faz divisa com João Pessoa. O Bolero é aquele mesmo "clássico popular" que todo mundo conhece (há quem goste). Fomos ver o tal pôr do sol, que efetivamente é bonito, mas, guiados por nossa amiga moradora da cidade, evitamos cuidadosamente o bolero. Chegamos por volta das 17h30, fizemos umas fotos do último adeus do sol e saímos rapidinho, antes do artista tocar a Ave Maria - que também não era de nosso interesse.
Jacaré |
O lugar é simpático e agitado, cheio de bares, lojinhas e muita, muita gente. Quem quiser encarar o Bolero, tem que chegar antes das 17 horas e bem preparado para a muvuca. Os chatos, naturalmente, se tiverem que ouvir o Bolero, preferem a versão orquestral. Só para conferir, procuramos no Youtube e achamos uma droga o tal saxofone, mas gosto é gosto.
Antes de ir ao Jacaré nossa amiga nos levou ao forte de Cabedelo. O pôr do sol lá também é lindo, com vista para o Jacaré e sem bolero nem muvuca. Fica a dica ...
Forte de Cabedelo |
Comida
Comer no Nordeste é uma experiência quase emocionante, de tão boa que é a comida. Comemos muito bem no Mangaí, restaurante por quilo que serve comida regional, em Manaíra e no Gulliver Mar, em Cabo Branco. Esse último é um restaurante um pouco mais sofisticado, mas come-se bem e nem é tão caro. Ambos dicas da amiga local. Também experimentamos o Flash, um restaurante simples em frente à praia de Manaíra, e gostamos. Comida bem feita, preço honesto. Já o Chapéu de Couro, um restaurante de hotel na praia de Tambaú não é grande coisa. Comida razoável, mas o ambiente é meio deprimente.
Mais fotos
https://www.flickr.com/photos/jo_ma/sets/72157644260875706/
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